A proposta do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) para cortar R$ 10 bilhões do orçamento de R$ 28,8 bilhões do programa Bolsa Família em 2016 foi rechaçada na Câmara de Salvador pelos vereadores Leandro Guerrilha (PDT) e Luiz Carlos Suíca (PT). Para o pedetista, presidente da Comissão da Família da CMS, a ideia é um absurdo, pois representa uma redução de 35% nas verbas da área.

Segunde ele essa é a principal ação de transferência de renda do governo federal, levando milhões de brasileiros de volta à fome e pobreza: “Punir as famílias não é, de forma nenhuma, a solução. Portanto, sem dúvida, o Planalto precisa rearrumar seu orçamento, cortar os gastos desnecessários, que são muitos, a exemplo do número de ministérios para abrigar aliados, que ainda são exacerbados, e não atingir em cheio um programa cujo benefício ao ser repartido é muito irrisório. Cortá-lo significa atentar contra 50 milhões de brasileiros que hoje têm uma vida muito melhor, muito mais digna”.

Em sua opinião o Bolsa Família não tem apenas cunho social, tendo revolucionado o processo de distribuição de renda do Brasil. Nem mesmo os aliados enxergam com bons olhos a proposta. “Minha esperança é que haja bom senso e as famílias brasileiras não sejam ainda mais prejudicadas. Neste sentido, permanecerei atento a qualquer tipo de retrocesso”, afirmou Guerrilha.

Corta dos deputados

Para o petista, líder da oposição na Câmara o governo “deveria era cortar os R$ 8 bilhões da verba dada aos deputados federais. E isso não falo para criar polêmica, pelo contrário, temos de ser perspicazes neste sentido. Esses recursos só servem de emendas para eles fazerem campanha. Quando uma prefeitura precisa fazer um projeto de infraestrutura, manda para o governo federal para arrecadar a verba, já vem o dinheiro, via fundo, via ministério. Para que mais dinheiro? Deve cortar as verbas de quem pode pagar”.

De acordo com o legislador o Bolsa Família ajuda a fomentar o empreendedorismo entre os mais pobres: “Tem várias histórias como a de uma pessoa que não tinha renda e depois do benefício investiu o dinheiro para comprar massa de pastel. Vendendo esse produto deixou de precisar do Bolsa Família. Recentemente, em Alagoas, no município de Campo Alegre, uma senhora se aposentou e devolveu o cartão do programa. Ela deveria servir de exemplo para tantos outros que insistem em cometer irregularidades”.

Suíca ainda diz que a função do programa, que completou 12 anos neste mês de outubro, é garantir o sustento e dar condições para as crianças frequentarem a escola: “O programa tirou milhões de famílias da miséria, mas enquanto projeto, o Bolsa Família deveria ter meio e fim, para possibilitar outras pessoas entrarem. Acredito que o governo federal tem que buscar mais mecanismos de fiscalização, para que esse projeto atinja o seu objetivo real. Olha o escândalo que foi em Ilhéus, mais de 2 mil pessoas fraudaram o Bolsa Família e eram funcionários públicos da prefeitura. Se o governo não achar uma saída, está na hora dos deputados mostrarem para que vieram, e deixar à disposição as suas emendas de governo para garantir a manutenção do Bolsa Família para o povo”.