Política

VEREADORES dão apoio à greve dos frentistas de postos de combustíveis

Os trabalhadores denunciam exploração e semi-escravidão
, da redação em Salvador | 04/08/2014 às 21:13
Presidente do Simposba fala na Tribuna Popular
Foto: Reginaldo Ipê

A greve dos frentistas de postos de combustível da Bahia, iniciada nesta segunda-feira, 4, foi parar na Tribuna Popular da Câmara de Salvador. Representantes da categoria pediram o apoio dos vereadores na campanha salarial, que reivindica 15% de reajuste, mais plano de saúde, cesta básica, ticket alimentação diário no valor de R$18 e o fim do desconto de valores roubados em assaltos.

O diretor do Sinposba, Antônio Lago, denunciou “a fraude do cartel da exploração, porque os trabalhadores dos postos também são explorados. Até as imagens das câmeras só servem para vigiar os frentistas, os patrões não tomam nenhum tipo de providência. Se alguém abastece e sai sem pagar, é o frentista quem paga. Se um ladrão leva o dinheiro, é o frentista quem paga”.

Segundo ele falta assistência médica para os profissionais, apesar de lidarem com produtos altamente tóxicos, como a gasolina que possui cerca de 300 elementos químicos incluindo o Benzeno. Ele agradeceu à CMS ter aprovado projeto de lei de Everaldo Augusto (PCdoB) proibindo o enchimento automático dos tanques “até a tampa”, pois isso expõe os frentistas a substâncias cancerígenas: “Foi uma contribuição muito grande para a nossa categoria”.

Semi-escravidão

Aladilce Souza, em nome do PCdoB, solidarizou-se com a greve, classificando os empresários do setor como poderosos: “Trata-se de uma atividade altamente lucrativa e que não assegura um tratamento digno aos trabalhadores. As mulheres, então, são duplamente prejudicadas e sequer têm carteira assinada”. Moisés Rocha (PT) falou sobre a dificuldade dos operários para enfrentar a pressão do patronato e a ameaça de desemprego, assim como a luta pelo direito à aposentadoria especial pelo manuseio de produtos químicos.

Hilton Coelho (PSOL) e Sílvio Humberto (PSB) classificaram a rotina dos trabalhadores a uma semi-escravidão. “É a escravidão contemporânea”, definiu Hilton, sugerindo que a Comissão de Reparação da casa acompanhe o desenrolar da greve e as negociações do dissídio coletivo da categoria. “As condições de trabalho que eles enfrentam são degradantes, a vulnerabilidade é total”, disse Sílvio, citando ainda casos de assédio sexual, com mulheres sendo obrigadas a trabalhar com saias curtas para atrair clientela.