O falecimento do líder sul-africano Nelson Mandela repercutiu na Câmara de Salvador, onde os vereadores destacaram sua importância na luta contra a segregação racial e seu papel na união de seu país.
Para o presidente Paulo Câmara (PSDB) o grande legado de Mandela foi saber perdoar: “Foi um homem que sofreu todo tipo de perseguição e não teve nenhum tipo de mágoa e ressentimento. Enfrentou o problema, trouxe o país para o lado dele”. Mandela, diz o tucano, poderia ter sido um grande líder de uma guerra civil, mas procurou unir os povos da África do Sul através do esporte, o rugby.
“Foi um líder mundial, carismático, que sempre pregou a paz, a união e o diálogo. É uma perda para todos nós que serve de exemplo para que possamos trilhar nesse caminho de diálogo, sem ressentimento, sem mágoa”, completa o edil.
Superando limites
Tia Eron (PRB), presidente da Comissão dos Direitos da Mulher na CMS, pediu reflexão: “Em vida, Mandela superou os limites pelo fim do Apartheid. Agora, com a sua morte, espero que o seu legado esteja ainda mais presente na sociedade. Desejo que as suas lições sejam colocadas em prática dia após dia”.
Edvaldo Brito (PTB) também lamentou a morte e pediu preces em homenagem ao “símbolo mais poderoso da luta contra o racismo no mundo”. O petebista foi um dos convidados do almoço de recepção do então presidente Fernando Henrique Cardoso ao sul-africano em 1998.
“Conheci Mandela pessoalmente pelas mãos do presidente FHC. Em nosso diálogo ouvi palavras muito carinhosas sobre o povo da Bahia. Nesse momento, creio, não apenas eu, mas todos os baianos, especialmente os mais humildes, estão lamentando a morte desse nosso ídolo”, afirmou o tributarista.
Acima das cores e ideologias
Na opinião de Silvio Humberto (PSB), presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, “Nelson Mandela tem uma simbologia que ultrapassou as cores e ideologias. E sua vinda à Bahia foi o reconhecimento aos que lutaram com ele, mesmo separados por um oceano”.
“O presidente da África do Sul foi muito feliz quando disse que o nosso povo perdeu o pai. A voz e o legado de Nelson Mandela estão ecoando nos quatro cantos do mundo. A história de Mandela foi marcada por muita resistência e luta pela igualdade racial. Em Salvador, cidade mais negra fora da África, a dor da perda é ainda maior. Mandela não é só um exemplo para o povo negro. É um exemplo para a humanidade”, declarou Joceval Rodrigues (PPS), líder da governista na Casa.
Na visão de Gilmar Santiago (PT), líder da oposição, “a morte de Nelson Mandela representa uma perda muito importante, principalmente, para os que lutam por um mundo menos desigual. Mandela sintetiza não apenas um ideal. Ele representa a dimensão concreta da luta pela igualdade. O exemplo dele deve continuar inspirando todos os que batalham contra a intolerância. A integração que ele proporcionou na África do Sul, com certeza, inspirou o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff na construção de um país mais igual”.
David Rios (Pros) aproveitou para pedir ao prefeito ACM Neto a recuperação da Praça Nelson Mandela, na Liberdade: “Ao lado de Mahatma Gandhi e de Martin Luther King, Mandela formava o triunvirato da paz, da liberdade, dos direitos civis e da luta contra a exclusão social e o racismo. Ele simboliza o fim do Apartheid e ficou 27 anos encarcerado, sem, contudo, jamais deixar de acreditar em sua causa”.
Discurso para 150 mil
Depois de solto, após 27 anos de prisão, por combater o Apartheid, Mandela viajou por vários países. Veio à Bahia em 3 de julho de 1991, onde discursou na Praça Castro Alves para aproximadamente 150 mil pessoas.