Baixar a tarifa dos ônibus urbanos de R$ 2,80 para R$ 2,50 é o principal item da pauta mínima, definida por integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), que continuam ocupando as dependências da Câmara de Salvador desde segunda-feira, 22. Eles insistem em só sair do prédio depois de atendidos seus seis pedidos básicos.
Mais uma vez, o presidente Paulo Câmara (PSDB) confirmou a disposição do legislativo em intermediar o diálogo entre os ativistas e o prefeito ACM Neto. Durante a reunião do Colégio de Líderes, na terça-feira, foi sugerida também a criação de um grupo misto e suprapartidário, composto por vereadores, deputados e MPL, para, juntos, buscar o consenso.
Joceval Rodrigues (PPS) e Gilmar Santiago (PT), respectivamente líderes do governo e da oposição, dizem concordar com a condução dada por Câmara para o impasse, mas o petista defende a retomada das atividades da Casa, “mesmo com a presença dos manifestantes, enquanto se constrói o entendimento”, ponderou Gilmar. Para o socialista, a atual legislatura vem produzindo de forma significativa e esse ritmo não pode ser quebrado.
Quem também entrou no debate foi Waldir Pires (PT), destacando a importância de ouvir, conversar e negociar com os militantes. Segundo ele, o movimento levanta anseios legítimos da juventude e da população: “Sou de um tempo em que a juventude era ignorada e não tinha voz. Não devemos mais tolerar isso porque o diálogo com a juventude é importante e aproximar os jovens do processo político é essencial para consolidação da democracia brasileira”.
Queda de braço
O impasse serve de combustível para a queda de braço entre governo e oposição. Nesta quarta Gilmar foi ao plenário Cosme de Farias (onde não houve de novo quórum para abrir a sessão ordinária) e voltou a cobrar de Neto a imediata negociação com o MPL: “Nós da oposição estamos presentes porque defendemos que, independente da ocupação, que tenha sessão. Neste momento, poderíamos estar votando e discutindo projetos de mobilidade que dizem respeito a pauta do movimento, como o transporte público 24h, redução da tarifas, dentre outros”. Em sua opinião, a situação foi criada por falta de vontade política do prefeito.
No mesmo tom respondeu o vice-líder do Democratas, Claudio Tinoco, segundo quem o petista “foge das prerrogativas de um vereador”. Para Tinoco, há muito tempo monitora o movimento popular que tomou as ruas do Brasil e tenta proteger-se ou induzir sua direção. “Por isso, manifestei a minha surpresa em ver filiados partidários ocuparem a CMS, enquanto o MPL protestava de forma pacífica e ordeira no CAB. Afinal, o Brasil inteiro assistiu o movimento recusar as bandeiras partidárias”, declarou.
Na visão do democrata, o líder da oposição deveria ter descido do palanque e ido ao Centro Administrativo na última terça defender o passe livre para estudantes, concedido por Jaques Wagner, como fez o também petista Tasso Genro, no Rio Grande do Sul: “Infelizmente, aqui na Bahia, o governador declarou em entrevista ser impossível chegar ao passe-livre”.