O deputado Marcelo Nilo recebeu uma comissão de dirigentes da APLB-Sindicato no gabinete da presidência da Assembleia ontem no final da tarde. A conversa durou 40 minutos e não houve qualquer avanço na negociação para a desocupação voluntária e pacífica do saguão Nestor Duarte, ocupado por professores grevistas desde o dia 11 de abril. O grupo liderado pelo presidente da entidade, Ruy Oliveira, solicitou a postergação da ação de reintegração de posse ajuizada pelo Legislativo, mas não se comprometeu em deixar o local até quarta-feira, conforme a contraproposta do presidente da Casa.
Na reunião, o deputado Marcelo Nilo desmentiu a possibilidade de utilizar a estrutura de segurança do Legislativo, a Assistência Militar, para retirar os grevistas e reafirmou que vai se limitar a aguardar a posição do Judiciário - que, na hipótese de atendimento da ação, definirá como e quando seria feita a reintegração de posse: "Isto seria totalmente contrário à minha história e ao papel do próprio Parlamento", frisou. Nilo lembrou que a Assembleia Legislativa é o "repositório natural das demandas da sociedade, intermediando pleitos dos mais variados grupos da sociedade civil", mas considera que a permanência dos professores grevistas já ultrapassou todo o limite do bom senso e insistiu em relatar a paciência de que esteve imbuído todo este período.
Para o deputado Marcelo Nilo, a permanência de integrantes de um movimento grevista considerado ilegal pela Justiça nas dependências do Legislativo não poderia mais ser tolerado, dado ao seu caráter de ilegalidade, do impasse estabelecido entre a entidade que congrega o professorado e a administração estadual - que impede o funcionamento pleno da Casa e o trânsito de cidadãos, funcionários e de deputados. Ele lamentou ainda atos de violência e hostilidade adotadas por alguns grevistas - citou uma agressão sofrida pelo deputado Sargento Isidório, pelas costas - e o fato de pessoalmente já ter sido vítima de ofensas.
Preocupa ainda ao presidente da Assembleia o custo crescente da ocupação e o estado dos aparelhos de ar-condicionado que funcionam de forma ininterrupta há mais de 90 dias. Lembrou que além do gasto com energia, telefone, está arcando com despesas extras do pessoal encarregado da limpeza e segurança que vem trabalhando em regime de plantão.
OPOSIÇÃO
Os deputados do bloco de oposição se solidarizaram com os professores grevistas através de notas postadas na imprensa. Os deputados Paulo Azi (DEM), Sandro Régis (PR) e Adolfo Viana (PSDB) estiveram no local e prometeram ceder a sala da liderança da minoria para os manifestantes, caso o Judiciário determine a desocupação do saguão Nestor Duarte.