O Dia dos Vigilantes foi comemorado nessa quarta-feira, 20, com uma sessão especial na Câmara de Salvador, pelo terceiro ano consecutivo. A iniciativa foi da vereadora Marta Rodrigues (PT), presidente municipal da legenda e autora do projeto que instituiu a data na capital baiana.
“Buscamos aqui reconhecer e refletir sobre a trajetória histórica de luta do Sindivigilantes e desta categoria, forte e cheia de garra”, disse a edil. “Esta é uma categoria que cuida de nós e precisamos reconhecê-la”.
Na mesa da sessão, estiveram presentes José Boaventura (presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes), a deputada estadual Maria Del Carmem (PT), Cedro Silva (presidente da CUT Bahia), Geral da Silva Cruz (presidente do Sindivigilantes de Camaçari), o padre José Carlos e o vice-prior da Irmandade dois Homens Pretos, representando a Secretaria Municipal da Reparação (Semur).
Para José Boaventura, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos vigilantes é a terceirização da categoria: “Esse tipo de ação é muito cruel, pois as empresas lucram unicamente em cima da nossa mão de obra e, ao final dos contratos, em grande parte das vezes ainda ficam devendo aos funcionários”.
Ao citar as más condições de trabalho de muitos profissionais, comparou a situação com a dos escravos: “Precisamos refletir sobre o tipo de situação em que trabalhamos atualmente, que não deixa de ser também uma forma de escravidão”.
Outro ponto bastante citado foi a discriminação, pois a categoria muitas vezes é tratada como se fosse integrada por “analfabetos, grandes e com porretes nas mãos”. “Graças a toda nossa luta conquistamos direitos como redução de carga horária, pois trabalhávamos 12 horas por dia com apenas uma folga semanal”, destacou Geraldo Cruz. Maria Del Carmem defendeu a necessidade de reconhecimento do trabalho dos vigilantes e um tratamento mais humano.
Igualdade na propaganda
Marta Rodrigues apresentou na CMS projeto de lei instituindo a exigência da presença mínima de artistas e profissionais negros em peças publicitárias do Executivo Municipal, quando houver a utilização de elementos humanos.
Segundo ela, uma nação só cresce quando qualifica sua população e lhe abre oportunidades de superação, combatendo desigualdades firmadas em discriminações: “O racismo é um problema que afeta a maioria da população brasileira, refletido em desvantagens sociais gritantes e responsáveis pelo limite histórico ao processo de desenvolvimento de todo o país”.
Assim, a nova regra valeria para folhetos, folders, cartilhas, material pedagógico, educativo e informativo e outras formas de propaganda oficial. “Os meios de comunicação utilizados pelo Poder Público, inclusive pelas concessionárias e permissionárias, são instrumentos fundamentais de expressão de valores culturais e espelhos concretos da realidade brasileira”, diz a petista.
Marta defende que cabe ao Poder Público, de forma inovadora, garantir a representação étnica da população brasileira na propaganda em Salvador, “a fim de eliminar as disparidades raciais ainda predominantes nas peças publicitárias, atingindo o escopo do constituinte quando na Carta Magna buscou igualar a todos sem distinção de qualquer gênero”.