Política

'GUERRA' DO PÃO CACETINHO:SINDIPAN ACUSA DEPUTADO NEGROMONTE DE PLÁGIO

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| 09/05/2012 às 07:12
Presidente do Sindipan, Mario Pithon, e deputado Mario Negromonte Jr, frente a frente
Foto: BJÁ

A mudança no sabor do "cacetinho", a falta de incentivo à mandiocultura, o desrespeito à livre iniciativa. Nenhum desses pontos fez a temperatura subir tanto na audiência pública sobre o projeto de lei que prevê alteração na fórmula do pão francês como no momento em que o presidente do Sindicato dos Panificadores da Bahia, Mário Pithon, chamou a proposta de "plágio".


Nas mãos do sindicalista, ontem (08), na Assembleia Legislativa, um artigo de dois pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), escrito anos antes, com orações completas idênticas às do projeto do deputado Mário Negromonte Júnior.


"Copiou da internet até o número de empregos gerados caso o projeto fosse aprovado. Esqueceu apenas que, no documento do CEPEA, a quantidade levava em conta todo o território nacional", disse Pithon. Negromonte Júnior se defendeu. "Senhor, respeite essa Casa!".


Panificadores resistem contra
projeto de lei do "cacetinho"


O setor de panificações resiste contra o projeto de lei do deputado estadual Mário Negromonte Júnior (PP), que prevê a adição de até 10% de fécula de mandioca à farinha de trigo para a produção do "cacetinho". De acordo com o presidente do Sindicato dos Panificadores da Bahia (Sindipan), Mário Pithon, a proposta não se sustenta.


Entre os motivos está a baixa produtividade da mandiocultura no estado - algo em torno de 12 toneladas por hectare, inferior à média nacional. "O projeto não leva em consideração que, São Paulo, por exemplo, com produção de 24 toneladas por hectare, pode inundar o mercado baiano com produtos mais baratos. Até mesmo as fecularias instaladas aqui podem passar a comprar mandioca de estados que pratiquem preços mais competitivos", analisa.


Para o presidente do Sindipan, o governo deve colaborar com a atividade de outra maneira. "Há quem diga que, na Bahia, a agricultura familiar conta apenas com três incentivos: a mão, o facão e o carrinho de mão. Grande parte desses produtores desconhecem as informações básicas para aumentar a produtividade".


O projeto, ainda segundo Pithon, não tem consistência. "A proposta não informa como será feito o controle da comparação dos preços do trigo e da fécula, que podem oscilar em um mesmo dia", diz. Também não existe qualquer garantia de que ele contribuirá, efetivamente, para melhorar a vida do agricultor. "Só podemos afirmar que o projeto é ótimo para quem tem a intenção de construir fecularias na Bahia", alfineta.


O sindicalista chama a atenção para a concorrência da mandioca com outras fontes de amido, como o milho, o arroz e a batata. "É incoerente obrigar a utilização de amido de mandioca quando poderíamos ter outras opções até mais em conta e com a mesma composição".


De acordo com Pithon, o projeto é inconstitucional e fere a livre iniciativa. "Se fosse bom, o setor já teria adotado a substituição em definitivo. Mas a ideia apresentada pelo deputado ignora a lei de mercado. Obrigar uma mudança de hábito num regime democrático é retrocesso", pontua.


O presidente do Sindipan ainda rebate a ideia de que a redução do glúten no pãozinho traria benefícios aos portadores de doença celíaca. "Àqueles com intolerância ao glúten, os médicos recomendam a abstenção total da substância, não adiantando apenas diminuir o consumo".