(Por Limiro Besnosik)
A anunciada decisão do deputado federal Marcos Medrado (PDT) de procurar outro bairro para morar em função do alto índice de criminalidade existente em São Tomé de Paripe, sua residência há mais de 45 anos, gerou, na Câmara de Salvador, reações que variam de protestos contra a pouca eficiência do Estado no trato com a segurança pública até a suposição da perda contínua de votos como verdadeira razão da mudança de endereço.
A vereadora Vânia Galvão (PT), líder da oposição na casa legislativa, alfinetou Medrado, ao afirmar que o parlamentar pedetista, na verdade, tem perdido densidade política em seu reduto eleitoral. Segundo ela, numa audiência pública realizada há cerca de 15 dias em Rio Sena (subúrbio ferroviário), um dos aspectos a não sofrer críticas foi o da segurança pública, apesar de reconhecer-se a existência de
problemas. À reunião, afirmou, compareceram várias lideranças comunitárias locais.
Paulo ^Câmera (PSDB), porém, lamentou profundamente a decisão. "Se um deputado federal, integrante da base aliada do governador não se sente seguro, imagine como estão os pobres mortais", ironizou. Lembrou que a realidade da insegurança se espalha por toda a cidade, até mesmo nos bairros mais nobres como Barra e Pituba, onde acontece uma onda de sequestros relâmpago. "Os baianos já estão andando de carro blindado", espanta-se.
Alcindo Anunciação (PSL) vê também com gravidade o quadro da criminalidade nas regiões periféricas, mas não acredita na mudança de Medrado para outro bairro: "Acho que ele vai reavaliar, pois se sair de São Tomé vai chorar todo dia, do tanto que gosta de lá". O corregedor da Câmara anunciou para amanhã um contato com o comandante da Polícia Militar, coronel Alfredo Castro, e com o secretário da
Segurança do Estado, Maurício Barbosa, para tratar do assunto.
O edil calcula em milhares de pessoas o número de habitantes (mais de 200 mil eleitores) do subúrbio ferroviário, mas a presença policial é insuficiente. Apesar de não ter em mãos números exatos, Alcindo estima em cerca de 200 o número de homens, divididos igualmente entre as polícias Militar e Civil,
destacados para o patrulhamento e atividades de investigação numa área que corresponde a uma Feira de Santana. Tudo isso sob a jurisdição de duas delegacias somente, uma delas especializada em crimes contra mulheres, e quatro viaturas.
O ideal, defende, é uma delegacia para cada um dos bairros da área e maior quantidade de policiais. "Não quero culpar o comandante, nem o secretário, pois ambos chegaram há pouco tempo, mas o subúrbio é uma cidade, ainda invisível para o Estado, mas que precisa ser vista e cuidada", assegurou.