(Por Limiro Besnosik)

  O presidente da Câmara de Salvador, vereador Pedro Godinho (PMDB) discorda da análise feita pelo presidente do Olodum, João Jorge Rodrigues, sobre a atuação da Casa Legislativa municipal, atribuindo-lhe um papel inexpressivo na discussão de questões ligadas à cidadania. 

  Para Godinho a instituição tem sido muito participativa na vida da cidade, estando presente em debates importantes como, recentemente, em aspectos ligados à Copa do Mundo 2014 e à mobilidade urbana.

   Ele reconhece, porém, a dificuldade de fazer essas ações chegarem ao conhecimento do grande público, apesar dos esforços feitos pela Câmara em termos de comunicação social. Na opinião do chefe do legislativo, João Jorge tem razão quando reclama da falta de espaços públicos de lazer e convivência social, mas alertou para a impropriedade de comparar Nova Iorque a Salvador que apesar de ser a terceira cidade do país em população é uma das últimas em arrecadação entre as capitais.

  Segundo Godinho, depois de seu quinto mandato como vereador já deu para constatar o enorme desafio de se administrar um município com esse perfil de receita e despesa, independente do partido ou da filosofia política por trás do gestor. "Todos têm dificuldade, até mesmo de pagar a folha de funcionários", assegurou.

   População não participa

  Marta Rodrigues (PT) faz coro ao colega presidente no interesse da CMS pelas questões da cidadania: "Agora mesmo estamos fazendo um debate importante sobre a revisão da Lei Orgânica do Município (LOM), que está completamente defasada, pois é de 1991".

   Ela reclama, no entanto, da falta de participação da própria sociedade e seus organismos representativos, pois as audiências públicas, promovidas pelos vereadores para debater os vários aspectos dessa "constituição municipal" têm tido pequena participação popular.

   Quanto à escolha de candidatos negros para cargos de importância, como prefeito, Marta, que é presidente do PT em Salvador, garantiu que o partido seguirá todo o rito democrático previsto em seus estatutos, submetendo à militância os nomes dos possíveis concorrentes à vaga de candidato, através das prévias.

   Olívia Santana (PCdoB), citada por João Jorge como o melhor nome para a disputa de 2012, em lugar da deputada federal Alice Portugal, preferiu concentrar seus comentários na defesa por uma maior participação da população negra nos espaços de representação política.

  "É preciso democratizar as instituições para o negro vir a ocupar cargos de destaque nas estruturas de poder", teorizou.

  Antes, defendeu a necessidade de ampliar a consciência política dos afrodescendentes por meio da educação. Em sua opinião, o segmento ainda tem pouca presença nas estruturas partidárias.