Pode até parecer uma questão menor a ser tratada por um candidato a governador. Mas, a violência que se praticou contra a população, a forma como foi executada a ação, representa uma crueza, uma agressão nunca vista nesta cidade a sua gente mais pobre.
Por isso e também pelo fato de Salvador ser uma caixa de ressonância (aqui estão quase 20% do eleitorado da Bahia) esperava-se uma palavra de alento dos candidatos, uma mensagem de solidariedade e até revelações de imagens da força que se empregou nesse movimento. Nada. Foi como se os candidatos morassem na Suiça e não na cidade do Salvador.
O governador Wagner disse em A Tarde que o prefeito João Henrique não teve habilidade para enfrentar o problema, que faltou diálogo e que não vai aceitar que a questão seja partidarizada. Tem até certa razão.
Depois classificou a derrubada como "Espetáculo horripilante" e afirmou que nunca foi convocado para um debate a respeito. Aí errou.
Ora, em sendo Wagner a maior autoridade do estado e vendo esse drama "horripilante" à sua porta, o governador não precisaria de convite de ninguém para agir. Era uma questão de bom senso e ação. Intervir com diálogo, ajustar as questões, chamar o prefeito para uma conversa e assim sucessivamente.
Estranha-se, também, a posição inerte do ex-governador Paulo Souto. Na oposição, vendo um drama dessa natureza, chamas, lágrimas, correntes e repressão, tudo isso contra o povo humilde e nada a falar.
Da mesma forma, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ainda que seja aliado do prefeito João Henrique e responsável por sua reeleição deveria falar sobre o assunto na televisão.
Esse é o tema da cidade do Salvador. Está na boca da população, na alma, no coração onde quer que se vá.
Misture isso ao nebuloso episódio das Transcons, de denúncias formuladas por uma ex-secretária importante, gestora do PDDU, de nuvens assombrosas envolvendo R$500 a R$700 milhões, há em curso uma situação de instabilidade.
E Salvador é a mãe do Brasil. Salvador é a matriz principal da Nação.
E, todos os candidatos a governador moram na capital da Bahia e não na capital da Suiça.