Hilton Coelho, candidato a deputado estadual, e Zilmar Alverita, candidata a senadora, ambos pelo PSOL, criticaram o documento intitulado "Carta ao povo de Deus", divulgado pela campanha de Dilma Roussef, por considerá-lo um risco à democracia uma vez que manifesta sua preferência por uma determinada religião, no caso, o Cristianismo. "Somos a favor da inviolabilidade de consciência e crença.
Da mesma forma, a nossa Constituição assegura a liberdade de opinião. Cada um de nós pode ou não acreditar em um ser divino, porém, o Estado não tem sentimento religioso e, laico como é, não deve estabelecer preferências ou se manifestar por meio de seus órgãos ou representantes. É um erro do PT e seus aliados divulgarem um documento específico para uma religião", afirmou Hilton Coelho. Zilmar Alverita, mestre em Estudos de Gênero e Feminismo, no Programa de Pós-Graduação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM) da UFBA, considera preocupante o fato do documento se omitir em relação a temas como aborto e união estável entre pessoas de mesmo sexo.
"A omissão representa um retrocesso na luta que se trava para que todos tenham o direito de decidir e que o Estado assegure por todos os meios esta conquista". "Quando Dilma Roussef, Marina Silva e outras se omitem, 'em nome de Deus' em se posicionar continuamos a ver os graves problemas e conseqüências do aborto clandestino no Brasil. Defendemos o Estado laico, os direitos sexuais e os direitos reprodutivos para todas as pessoas e a defesa do direito à vida e à saúde para todas as mulheres", afirma de forma veemente Zilmar Alverita.
Hilton Coelho acrescenta que o Estado brasileiro tem o dever e a responsabilidade de garantir às mulheres que precisam recorrer ao aborto que possam fazê-lo em condições adequadas à preservação da sua saúde e de sua vida. O SUS, sendo Sistema Público de Saúde, deve assegurar o acesso universal a estes direitos para todas as mulheres de todas as classes sociais. "Somos a favor, defendemos e respeitamos todas as religiões, porém, nenhuma delas pode influenciar o Estado. Defendemos a cidadania plena, a democracia estruturada em princípios de justiça social e da laicidade do Estado. Garanti-los é um dever de todos e de todas nós", finalizou. c Assessoria de Imprensa 25 de agosto de 2010.