Política

LULA EM SALVADOR, OS BARRAQUEIROS E AS NAUS À DERIVA, POR TASSO FRANCO

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| 24/08/2010 às 13:13
Permissividade histórica que chega ao fim em Ondina, lembrando o Bico de Ferrp
Foto: BJÁ
  O presidente Lula da Silva vem a Salvador na próxima quinta-feira, 26, e vai encontrar a cidade em pé de guerra.


  Por determinação da Justiça Federal a Prefeitura está derrubando mais de 300 barracas de praias deixando milhares de pessoas desempregadas e sem a oferta de uma contra partida.


   Há de se dizer que a permissividade da administração pública municipal em relação a esse assunto é antiga. O que é correto. A cidade convive com essa situação ilegal durante muitas décadas.Mas, diante de tanto diálogo, tanta luta pelo social como pregam os governos, o ato em si, da forma como está sendo praticado é desumano.


   A cidade do Salvador sempre foi muito generosa com o presidente Lula desde a extraordinária votação que lhe conferiu, em 2002, quase 90% dos votos; e a subseqüente reeleição, em 2006. Mas, Lula nunca gostou de Salvador. Ou pelo menos seu governo não deu uma contra partida em obras e serviços, a partir de sua primeira eleição, como a cidade merecia.

  Com a ascensão de Wagner ao governo da Bahia, em 2007, a situação melhorou bastante, porém, longe de ser o ideal. É só olhar o caso do Metrô que recebe um pinga-pinga de recursos e vem se arrastando há 10 anos, 8 dos quais, no governo Lula.


  Nas épocas de Antonio Imbassahy (prefeito) e Paulo Souto (governador) foram momentos de penúria. Diz-se que faltavam projetos. Mas, isso é desculpa esfarrapada. Lula nunca colocou manteiga na empada baiana e o Estado perdeu espaços para Pernambuco e Ceará.

  E continua perdendo com Wagner. Recuperar esse contencioso não é fácil. Um exemplo são os portos do Estado. Até se igualarem a Suape (PE) e Pecém (CE) vão demorar décadas e veja lá se consegue alcançar.


  Lula vem a Salvador na quinta afiançar o que a Assembleia Legislativa já o fez, a autorização para que o Estado participe do bolo dos investimentos colocados à disposição do BNDES visando as Copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014).

  E, evidente, vai aproveitar a data para participar de um comício com a candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, e com Wagner. Natural e meritório.


  Os barraqueiros imaginam fazer um protesto durante o comício. A questão é que a maioria deles não tem estrutura mobilizadora e os partidos que são craques nessa matéria estão com Wagner. Os barraqueiros das classes média e média alta não sabem atuar nessa área. O prefeito João Henrique fez um apelo ao presidente e anuncia uma reunião com técnicos do Ministério do Planejamento.


  O prefeito saiu-se mal nesse episódio. Evidente que a determinação para derrubar as barracas é da Justiça. Mas, o prefeito tinha que estar na linha de frente como, aliás, disse logo nos primórdios desse imbróglio, que iria até preso. Depois, quando viu que a determinação do juiz era pra valer, não haveria recuos nem negociação desapareceu do mapa. Hoje, paga um preço alto por isso. Corre atrás do prejuízo.


  O pedido a Lula de socorro tem sentido apenas político. O presidente não vai se meter numa situação municipal. João pode ter o apoio de Wagner à causa dos barraqueiros. Mas, sabendo que, na linha política, o governador quer reeleger-se, fazer uma forte bancada de deputados e senadores. E, nem precisa dizer: em 2010, conquistar a Prefeitura de Salvador.


  João, portanto, que resolva seu pepino e vá à linha de frente se quiser sobreviver desse naufrágio. Lembrando que respingos da maré estão batendo no barco de Geddel e na nau de Maria Luiza.