Cachoeira e São Gonçalo atraíram no domingo pessoas da Bahia, Brasil e exterior, para a cerimônia de homenagem à centenária Irmandade da Boa Morte. Tradição que eleva a Bahia no culto às raízes da mãe África, a festa começou às 9h, com missa e muita oração e cortejo pelas ruas de Cachoeira, com a padroeira acompanhada por milhares de fiéis; no final da tarde, a oferenda encerrou a solenidade, com participação de grupos culturais da cidade e do Recôncavo, maior e mais venerado deles o "Filhos do Caquende".
Primeiro em São Gonçalo, o deputado Javier Alfaya participou do cortejo ao lado do padre Sebastião, das irmãs Maria José Cazumbá e Maria da Invenção Cazumbá, presidente e juíza, respectivamente, da Irmandade da Boa Morte de São Gonçalo, na festa, o padre Sebastião declarou apoio a Javier.
Em Cachoeira, como faz todos os anos, o vice-líder do governo prestigiou a cerimônia da Boa Morte, assim como a candidata ao Senado na chapa do governador Wagner, deputada federal Lídice da Mata. Como filha de Cachoeira, Lídice tornou lei a transferência do governo da Bahia, no dia 25 junho, para a cidade histórica do Recôncavo.
A festa propriamente dita tem um calendário que inclui a confissão dos membros na Igreja Matriz, um cortejo representando o falecimento de Nossa Senhora, uma sentinela, seguida de ceia branca, composta de pão, vinhos e frutos do mar obedecendo a costumes religiosos que interditam o acesso a dendê e carne na sexta-feira dia dedicado a Oxalá, criador do Universo, e procissão do enterro de Nossa Senhora da Boa Morte, onde as irmãs usam trajes de gala.
A celebração da assunção de Nossa Senhora da Glória, seguida de procissão, em missa realizada na Matriz dá curso à contagiante alegria dos cachoeiranos que irrompe em plenitude, nas cores, comida e bastante música e dança que se prolongam por diversos dias, a depender dos donativos arrecadados e das condições de pecúlio do ano.
O que tem ressaltado é o aspecto externo do culto referido quase todo ao simbolismo católico e a sua apropriação afro-brasileira. Durante o começo do mês de agosto, uma longa programação pública atrai a Cachoeira gente de todos os lugares, considerada o mais representativo documento vivo da religiosidade brasileira, barroca, íbero-africana. Ceias, cortejos, missas, procissões, samba-de-roda onde colocam cerca de 30 remanescentes da Irmandade, que já possuiu mais de 200, no centro dos acontecimentos da cidade e do país.