Política

100 ANOS DO ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÁ TEM HOMENAGEM NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA

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| 14/06/2010 às 22:02
 

Em homenagem a Oxalá, o plenário da Assembleia vestiu-se de branco para comemorar os 100 anos do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá. "100 anos de edificação é muito mais que um tempo, é a prova concreta da resistência e representa o resgate dos valores que nos foram trazidos pela nossa ancestralidade", salientou o proponente da sessão especial, presidente da Comissão de Promoção da Igualdade, o parlamentar petista Bira Corôa.


Ressaltando o "maravilhoso" trabalho realizado atualmente pela ialorixá Maria Stella de Oxossi, Bira destacou, também, a histórica atuação de Mãe Aninha, lembrando que quando Getúlio Vargas foi recebido pela líder religiosa e, após esta visita, o então presidente do Brasil promulgou o Decreto-Lei 1.202, que proibia qualquer embargo sobre os exercícios da religião do candomblé no país. "O culto do candomblé passou a ser considerado religião e não mais uma seita", frisou Bira.

O deputado federal Zezéu Ribeiro (PT) destacou o trabalho desenvolvido pelas mães de santo que estiveram à frente do terreiro nestes 100 anos. Ele lembrou Mãe Aninha, Mãe Bada, Mãe Senhora, Mãe Ondina e agradeceu a Mãe Stella - "a mais longeva das mães de terreiro", informando que irá pleitear, na Câmara dos Deputados, esta mesma homenagem, já que durante este centenário o terreiro se transformou em uma referencia internacional, reconhecido pelo seu trabalho.


REVERÊNCIA

Quando Mãe Maria Stella de Oxossi adentrou no plenário, tambores, atabaques, cantos e palmas saudaram a ialorixá maior. Em reverência a sua força e seu prestígio, os filhos de santo dos mais distintos terreiros e as inúmeras autoridades que compareceram à sessão posicionaram-se de pé. "Quero agradecer a presença de todos neste momento especial para este poder. Nestes 100 anos, este terreiro passou a ser patrimônio da Bahia", enfatizou o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PDT), ao entregar uma placa comemorativa pela passagem do centenário.


"Aqui não está somente o vice-prefeito de Salvador. A cidade de joelhos vem, perante a uma filha de Oxossi, agradecer a esta mensageira, que se transformou em instrumento de tradição de um povo sofrido e de resistência, demonstrando seu valor". A juíza Luislinda Valois fez questão de referir-se a Mãe Stella com excelência e, parafraseando um canto do candomblé, entoou: "Quem é aquela moça que vem de Araunda, é Mãe Stella e seu cavalo e seu chapéu de banda."


No final da sessão, Mãe Stella foi presenteada com mais uma placa comemorativa. Desta vez, a homenagem veio do proponente, que usou uma frase de autoria da própria homenageada para marcar sua força. "A cabeça faz de uma pessoa um rei". Dando uma verdadeira aula de equilíbrio, entre força e humildade, Mãe Stella afirmou: "Tudo foi tomado do negro, menos a força e a cabeça". Concluindo sua fala, pediu: "Sempre em suas orações peçam por Mãe Stella, pois ela está velhinha, mas o nosso tempo é agora, o tempo de nossas vitorias e realizações. Bênçãos dos orixás a todos vocês."