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Wagner manda recado forte ao PMDB na formação de aliança sem goela abaixo
Foto: BJÁ
A entrevista do governador Jaques Wagner na Band, Canal Livre, revelou que o candidato do PT à reeleição ao governo da Bahia encara como seu adversário o ex-governador Paulo Souto e o projeto do PSDB/Serra diante do projeto do PT pilotado por Lula/Serra.
Sobre a atitude do ex-ministro Geddel em sair candidato a governador da Bahia considerou um caso "anômalo", porém, não o colocou na lista de adversário porque também encarna o projeto Lula/Dilma diante das circunstâncias nacionais.
Ainda assim, deu umas alfinetadas no ex-ministro, a primeira delas de que seus métodos políticos se assemelham aos de ACM; a segunda de que tem um projeto personalístico, tanto que carreou obras do governo federal para áreas de sua influência política no estado; e a terceira de que, com a saída do PMDB do seu governo, a gestão deslanchou.
Ora, para quem deseja um provável apoio num segundo turno, numa hipótese disso acontecer com Souto, são adjetivações nada agradáveis para Geddel, personalidade política que tem uma característica muito peculiar, de falar de frente e responder o que pensa à altura. Certeza, pois, de que virá contra-argumentos à caminho.
Quanto a Souto, Wagner disse o que se esperava dele. Salvo a estocada de que o ex-governador fora tímido quando gestor (2003/2006) ao não levar projetos do estado para apreciação do governo Lula, diante da sua inibição (certamente premido pela pressão de ACM), e dos atrasos do estado no âmbito social, vê nele e em ACM Jr e ACM Neto o legado do antigo PLF e do carlismo.
E, portanto, com quem debaterá dois projetos distintos para a Bahia e para o Brasil. O seu e de Lula observando-se a premissa de que "é preciso distribuir para crescer"; e o de Souto/Serra de "crescer para distribuir". Diante desse cenário, não teme o debate e acha que a população vai optar pelo projeto petista porque está mais sintonizado com o Brasil atual.
Entrevista em bom nível, sem que o governador tivesse abandonado seu estilo sóbrio, a observação mais contundente se relacionou com o plano nacional quando situou que o presidente Lula dedica mais atenção ao PMDB, do que haja uma recíproca no mesmo quilate nessa direção.
Talvez, aí, tenha acontecido o recado mais forte da entrevista, uma vez que, a julgar pelas palavras de Wagner, o aceite ao nome de Michel Temer como vice de Dilma pode até acontecer, mas, o andor tem que chegar ao santo com cautela e pés-no chão.