Política

DEPUTADO QUER UNIVERSIDADE LUSO-AFRO-BRASIL NA BAHIA E NÃO NO CEARÁ

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| 03/05/2010 às 09:10
O líder do PSDB na Câmara, João Almeida, quer união da Bahia em torno da matéria
Foto: DIV
 

A Câmara dos Deputados vai apreciar nos próximos dias em plenário um assunto polêmico, e que certamente ganhará a adesão dos parlamentares mais sensíveis ao assunto, particularmente os baianos, para a apreciação de emenda do deputado federal João Almeida (PSDB), que determina Salvador como sede da Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira - UNILAB.


A primeira universidade federal de aproximação entre Brasil/África, está prevista para ser instalada no município de Redenção (Ceará), mas o deputado líder da bancada tucana entende que Salvador deve ser a sua sede, devido às raízes históricas  do estado com  os países africanos e ao intenso intercâmbio cultural e comercial existente entre ambos.


João Almeida critica também a ausência de manifestação do governo baiano contra a sugestão da instalação da sede no Ceará: "Não é possível que o atual governo  seja insensível e deixe passar esta oportunidade de termos na Bahia, a primeira universidade de intercâmbio com a África, berço da civilização baiana e brasileira". O deputado, através de uma apreciação conclusiva do Projeto de Lei nº 3891 de 2008, conseguiu sustar o trâmite do processo, que seria encaminhado ao Senado, mas que agora será apreciado pelo plenário da Câmara dos Deputados nos próximos dias.


UNIÃO

Como afirma convicto o líder da bancada do PSDB, "ainda dá tempo de a Bahia se unir e conseguir reverter este processo que vai de encontro às nossas mais profundas raízes históricas. Nenhum estado brasileiro tem tanta identificação com a África quanto a Bahia". O deputado argumenta que "Salvador foi o primeiro grande centro importador de escravos vindos de dois grandes ramos étnicos: os sudaneses, predominantes na África ocidental, Sudão egípcio e na costa do golfo da Guiné, e os bantos, da África equatorial e tropical, de parte do golfo da Guiné, do Congo, Angola e Moçambique".


Intercâmbio já existe há anos


Ele considera que há muitos anos já há uma tradição de relações culturais e acadêmicas entre Bahia e África : "A Universidade Federal da Bahia, através do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), desde 1959, já desenvolve ações voltadas para o estudo, a pesquisa e ação comunitária na área dos estudos afro-brasileiros e das ações afirmativas em favor das populações afrodescendentes, bem como na área dos estudos das línguas e civilizações africanas e asiáticas. Nada mais justo que esta nova universidade incremente ainda mais o que já existe de aproximação entre brasileiros e africanos".


João Almeida diz ainda que "é mais do que evidente, que a capital Salvador é o centro da cultura afrobrasileira. Salvador é a cidade com o maior número de descendentes de africanos no mundo".  O deputado baiano justifica a mudança da sede de Redenção (Ceará) para Salvador porque a Região Metropolitana é constituída por 13 municípios populosos e integrados social e economicamente: Camaçari, Candeias, Dias d'Ávila, Itaparica, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Mata de São João, Pojuca, Salvador, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Simões Filho e Vera Cruz. São 3.866.004 habitantes (IBGE/2008), o que a torna a mais populosa do Nordeste, quinta do Brasil e 89ª do mundo. E arremata no documento que será apreciado em plenário: "Para atingir os objetivos propostos pelo MEC e para que a Universidade cumpra sua relevância social, a UNILAB deve ser instalada na cidade de maior expressão da cultura viva afrobrasileira: Salvador, Bahia".


Como será a nova universidade


A Universidade Federal da Integração Luso-Afro-Brasileira - UNILAB, com natureza de autarquia, vinculada ao Ministério da Educação, terá 50% dos alunos e 50% dos professores brasileiros e a outra metade de estrangeiros. Todos os cursos serão presenciais, mas os alunos estrangeiros terão que fazer o último ano do curso ou o estágio profissional no país de origem. Terá como objetivo ministrar ensino superior, desenvolver pesquisas nas áreas de conhecimento e promover a extensão universitária, tendo como missão institucional específica formar recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e os demais membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente os países africanos, bem como promover o desenvolvimento regional e o intercâmbio cultural, científico e educacional.