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O governo Federal está cometendo em torno da Usina de Belo Monte uma precipitação eleitoral do projeto, explicitando a falência do modelo construído pela senhora Dilma Rousseff. O que houve na licitação para a construção da hidrelétrica, em termos de concorrência, foi claramente uma manipulação pelo governo federal, programando o vencedor. O governo está fazendo com que a tarifa da energia a ser gerada futuramente em Belo Monte seja totalmente artificial". A afirmação é do deputado José Carlos Aleluia (DEM- BA), ex-presidente da Chesf e uma das maiores autoridades da área energética no Congresso Nacional.
As construtoras Queiroz Galvão e J. Malucelli vão deixar o consórcio que ganhou hoje o leilão de concessão da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). O grupo é liderado pela estatal Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco), subsidiária da Eletrobras, que possui fatia de 49,98% do consórcio.
"Como um projeto de tamanha dimensão, com um investimento da ordem de R$ 30 bilhões, segundo analistas, pode ter a renúncia de um de seus ganhadores. O governo Federal cometeu uma grande trapalhada. E a iniciativa privada certamente se recusa a participar desse circo armado por Dilma Rousseff", disse Aleluia, que já estranharam a ausência de grandes empresas na dispua.
Ele reconhece a importância da obra, a necessidade de que ela seja concebida, mas contesta o modelo e a forma como está sendo conduzido o aproveitamento hidrelétrico no Amazonas pelo governo federal.
"No Brasil, nós tivemos na década de 1990 uma correção expressiva nos subsídios dados durante os anos 1980. Foram gastos R$ 30 bilhões do contribuinte para compensar as tarifas irreais, ou seja, depreciadas, para fazer-se os ajustes. Durante os governos Itamar Franco e FHC nós arrumamos a casa em termos de subsídios. Agora, o grande erro desse processo é o grande volume de subsídios ocultos, que estão sob a forma de financiamento do BNDES, sob a forma de redução de imposto de renda, e uma participação expressiva das empresas estatais", criticou Aleluia.
Segundo o parlamentar, há duas formas de estabelecer a tarifa artificial. E o cidadão acaba pagando a energia de duas formas.
"Ou pagamos o preço verdadeiro ou pagamos uma parte na conta de energia e a outra parte nos impostos", observou.
O problema, adverte, é o modelo concebido pela então ministra Dilma Rousseff.
"O modelo atual é pior do que o modelo anterior. O modelo Dilma é desastroso. Trará grandes prejuízos ao cidadão. O leilão realizado nesta terça-feira concretizou o desastre anunciado. Foi um leilão arrumado. Com grupos que não têm tradição no negócio. O governo escolheu e nomeou os vencedores. É uma grande maluquice o que está sendo feito. Tudo com uma estatal por trás. Falta correção, transparência. Não me colocaria contra o empreendimento nunca, mas sou visceralmente contra o modelo, a forma eleitoreira, precipitada, centralizadora, estatizante com que se decidiu uma obra fundamental para o país, como Belo Monte", concluiu Aleluia.
POTENCIAL
Aleluia diz que há um rico potencial energético na Amazônia, que carece ser explorado com competência e sem maiores traumas, sobetudo ambientais. Qualquer governo faria o aprioveitamento de Belo Monte. A questão, ensina, é como fazê-lo da melhor forma possível, considerando-se o lado econômico e o meio ambiente.
"Belo Monte é um aproveitamento hidrelétrico dos melhores disponíveis no mundo hoje. É óbvio que para se desenvolver um aproveitamento hidrelétrico desse porte são naturais reações de grupos que no passado foram estimulados pelo PT, que são os grupos ambientalistas, nem todos petistas. Muitos são efetivamente ambientalistas, legitimamente ambientalistas, nacionais e internacionais. E há os grupos de população ribeirinha. A igreja se movimenta entre esses grupos. Tudo natural", disse o ex-presidente da Chesf.
Aleluia afirmou que, tratando-se de energia elétrica, existem várias alternativas, mas ele defende a matriz energética diversificada, a matriz energética com vários componentes.
"Temos uma ampla disponibilidade energética no Brasil. Então, precisamos manter um componente expressivo da diversidade nacional", disse.