Política

EM DEFESA DA CANDIDATURA JOÃO JORGE AO SENADO, POR REBECA TÁRIQUE

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| 01/04/2010 às 20:00
O maior desafio que o negro é enfrenta hoje é acreditar no próprio negro
Foto: BLIG IG
Diante dos fatos postos e da memória coletiva negra temos que afirmar o
quanto o racismo institucional impedem a população negra deste país, chegar
ao poder. As demandas étnicas raciais brasileiras são tratadas como minoria
dentro das agendas políticas institucionais, partidárias e governamentais
vista a forma arbitrária com que são tratados/as os/as nossos/as
respectivos/as representantes negros/as.

A derrota de Benedita da Silva nas prévias da candidatura ao Senado do Rio
de Janeiro nos faz pensar que muitos e muitas candidatos/as negros/as também
são impedidos pelos próprios partidos ao qual são filiados, de disputarem
por cargos políticos majoritários. Este fato nos faz entender a lógica
racista que nos redireciona a papéis de subalternidades políticas, sendo
bases sustentadoras de governos que negam a realidade racista ao qual a
maioria da população deste país vive.

É simplesmente reafirmar que as estruturas de poder do Brasil não estão para
a população negra vista a época colonial, resgatar a história de formação
política deste país é simplesmente evidenciar o contexto de exclusão ao qual
a população negra estar, é ter a percepção real de que o projeto de estado
brasileiro não contempla a realidade negra, que ainda se encontra a margem
do poder político numa falsa idéia de ocupação de espaços, mais que o máximo
alcançado são os status de sub-representações. Imaginemos que falar de
liberdade é moda mais pensar em ações afirmativas que garantam a vigor dos
direitos civis igualitários para todo e qualquer cidadão isto não, pois a
constituição pode constar mais a pratica não deve funcionar por que se
todos/as tem direito o poder é divido e quem está disposto a abrir não
disto?

Temos uma guerra declarada em que a maior vitima é a população negra,
vivemos num país em que um dos seus maiores projetos é a dizimação da
população negra, em que ser matar jovens negros é 'comum e natural", em que
negar os direitos básicos como: saúde, emprego, saneamento básico é o normal
A correlação de força existe e quem não pode perder é a maioria, pensemos
nisso! E como disse um dos maiores geógrafos do mundo Milton Santos em sua
posição de disputa política: Não vote em branco! Pelo menos não nos idéias
brancos que massacra a cultura negra. E reiterando com palavras do nosso
querido Abdias Nascimento em entrevista para Mauricio Pestana em 2009: "O
maior desafio que o negro enfrenta hoje é acreditar no próprio negro. Quando
é político, não acreditamos, preferimos votar no outro, quando é um médico,
logo olhamos com certo descrédito, se é um jornalista, a mesma coisa. É
preciso que acreditemos em nós, no potencial dos nossos irmãos para mudarmos
definitivamente esse estado de coisas".

Portanto o que necessitamos de fato é de governantes negros/as. Por isso eu
quero um deputado ou uma deputada negra. Eu quero um senador ou uma senadora
negra, que tenha á real dimensão do que é ser negro/a no Brasil e que atue
com propriedade na política brasileira que venha atender de forma justa sob
ótica da lei toda a população brasileira reparando todos os danos morais e
cívicos a população que foi a grande construtora e formadora deste país
chamado Brasil.

Chamo a Bahia á refletir sobre o ocorrido no Rio de Janeiro. Independente
de partido, frente ou corrente política á qual fazemos parte, independente
de linha ou posição ideológica que temos é preciso formar uma unidade
política sobre os pré-candidatos negros/as deste estado, portanto assegurar
o nome de João Jorge para Senador Negro da Bahia que é o Estado com maior
população negra do Brasil é se colocar na disputa por igualdade e justiça no
Senado federal é ter, sobretudo uma representação legitima da nossa
comunidade no Congresso Nacional.


Seguimos na luta dando continuidade a revolta dos Búzios.

* Rebeca Tárique é historiadora, militante do movimento negro, atua também no
seguimento de juventude e de religiosidade de matriz africana além de ser
artista urbana (cantora).