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Os dois ministros participam de inauguração no Eixão das Águas, no Ceará
Foto: Foto: O POVO
O ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, confidenciou a ministra Dilma Rousseff, nesta quinta-feira, 19, em Fortaleza, que é "inaceitável" para a Bahia perder a Superintendência Regional Centro-Leste da Infraero e deixando de ser responsável pelos aeroportos de Ilhéus, Paulo Afonso e Aracaju.
A decisão foi tomada pelo presidente provisório da empresa, brigadeiro Cleonilson Nic ácio Silva, e decerá ser aplicada a partir de 1º de abril deste ano. Para Geddel, que manifestou seu repúdio a uma medida dessa natureza ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, não tem o menor cabimento uma decisão dessa natureza.
Geddel disse ao BJá através de sua assessoria de imprensa que já conversou com o governador Wagner sobre este assunto. De acordo com a decisão da diretoria da Ingraero, só existirão superintendência regionais em São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e a coordenação nordestina ficará concentrada em Recife. A Infraero é responsável pela operação dos aeroportos brasileiros.
A notícia gera desconforto na regional de Salvador, que, além de perder poder de decisão sobre outros aeroportos, perde prestígio e cargos administrativos com alto poder de decisão. A medida reduz de dois para um o número de superintendentes na Bahia, além da diminuição do número de diretorias (atualmente, são nove). A Infraero não divulgou quantas diretorias deixarão de existir.
PROTESTPS
O baiano e ex-presidente da Infraero Sérgio Gaudenzi criticou a medida, já que Salvador tem o sétimo aeroporto mais rentável do Brasil - superávit de R$ 19 milhões em 2008. São apenas dez os rentáveis. É também o quinto em movimentação de passageiros, enquanto Recife não está entre os dez primeiros. "O aeroporto de Recife não é rentável, enquanto que o de Salvador é. Salvador tem condições de operar Ilhéus, Paulo Afonso e Aracaju e ainda poderia absorver Alagoas", aponta Gaudenzi.
A Infraero vai contratar uma empresa especializada para realizar uma análise interna com intuito de se preparar para a abertura de capital. Hoje ela é uma empresa pública de capital fechado. O BNDES vai financiar o processo e lançou o edital de contratação no último dia 5.
EM FORTALEZA
A ministra da Casa Civil, Dilma Roussef (PT-SP), e o deputado federal, Ciro Gomes (PSB-CE) trocaram elogios hoje, na inauguração dos trechos dois e três do Eixão das Águas, em Pacajus, na região metropolitana de Fortaleza. Dilma foi descrita por Ciro como "a mais competente auxiliar do presidente Lula".
Em seguida, o deputado pediu que o ministro da Integração, Geddel Vieira (PMDB-BA), também presente à cerimônia, o desculpasse por pensar assim. A ministra retribuiu, afirmando ser Ciro "um grande companheiro". "O melhor companheiro do primeiro governo do presidente Lula", disse Dilma. Já em tom de candidata, Dilma fez críticas indiretas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao falar na crise financeira, dizendo que agora o Brasil é respeitado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "Antes, tínhamos uma relação de submissão", atacou.
Principais nomes dentro da base aliada para disputar a Presidência da República em 2010, Dilma e Ciro estiveram lado a lado dividindo os louros da obra que leva água do açude Castanhão para o sistema de abastecimento da Grande Fortaleza e para o Complexo Industrial do Pecém. A data, 19 de Março, é emblemática para os cearenses. É Dia de São José, santo padroeiro do Ceará e, na tradição nordestina, o responsável por boas chuvas na região.
Dilma também ganhou afagos de Geddel Vieira, que a apontou como "um exemplo de dedicação e persistência". O ministro da Integração também anunciou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como a marca do segundo governo Lula.
Em seu discurso, a ministra Dilma afirmou que, apesar de seis meses de crise financeira mundial, o governo federal tem hoje uma reserva de 200 bilhões de dólares para garantir todas as obras do PAC e ainda acrescentar outras. "A crise é forte; é grave. Mas estamos fortes para enfrentá-la. Temos armas para enfrentá-la", disse, apontando a redução nas taxas de juros como uma dessas armas. "O Brasil é o país que melhor sairá desta crise", afirmou.
Dilma anunciou a construção de um milhão de casas populares. O que segundo ela é um desafio, mesmo reconhecendo que o déficit habitacional no País é de 7,5 milhões de moradias. Ela também assinou a ordem de serviço para a construção do penúltimo trecho do Eixão. Ciro também elogiou o presidente, comparando Lula aos ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek. Ele agradeceu pelo que o governo federal tem feito pelo Ceará - Estado governado atualmente pelo irmão dele, Cid Gomes (PSB), e cobrou outras obras prometidas, como a conclusão de obras da usina de urânio de Itataia e a transposição das águas do Rio São Francisco.
ViceNo final do evento, Ciro se recusou a falar sobre sucessão presidencial e saiu sem falar com os jornalistas. Dilma, por sua vez, esquivou-se de responder se Ciro seria um bom vice. "Essa questão da sucessão presidencial começa em 2010. A imprensa pode até querer antecipar essa agenda. Eu não quero. Sobre o deputado Ciro Gomes, posso falar dele do ponto de vista de companheiro. Eu respeito ele. Estive com ele em situações difíceis e em situações fáceis. O deputado Ciro consegue ser melhor nas difíceis do que nas fáceis. Além de ser um amigo", disse a ministra.