Política

DIRETOR GERAL DO SENADO DEIXA CARGO AO "ESCONDER" CASA DE R$5 MILHÕES

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| 03/03/2009 às 13:28
Casinha do diretor geral do Senado avaliada, por baixo, por R$5 milhões
Foto: Foto: Folha Imagem
  O diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, entregou nesta terça-feira uma carta ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), na qual pede afastamento definitivo do cargo após ser acusado de usar o irmão para esconder da Justiça a propriedade de uma casa avaliada em cerca de R$ 5 milhões.


  Agaciel diz que não quer ser "empecilho" para as investigações na Casa e, por isso, disse que se tiver que deixar o cargo não quer que isso ocorra temporariamente.

"Eu preciso que o presidente Sarney diga se acata minha carta, mas quero ir além. Se estão pedindo para eu me afastar, quero me afastar em definitivo. Sou funcionário da Casa, não caí aqui de paraquedas." Sarney já aceitou o pedido de Agaciel.


  Ontem, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), e o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) defenderam o afastamento do diretor. Para os senadores, a manutenção do servidor no cargo afeta negativamente a imagem externa do Senado.

"A manutenção de Agaciel É altamente negativa para o Senado. Ele está crivado de suspeitas. Sou favorável ao afastamento imediato dele do cargo", disse Jarbas, que recentemente acusou de corrupção "boa parte" de seu partido.


  O presidente do Senado recorreu ao TCU (Tribunal de Contas da União) para que o órgão também investigue as acusações envolvendo Agaciel.


  MUDOU DE IDÉIA

  O afastamento do diretor-geral já havia sido pedido por alguns senadores após a denúncia. Sarney afirmou em um primeiro momento não ver motivo para afastar Agaciel antes de uma investigação do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a evolução patrimonial do servidor. A pressão dos colegas fez com que o presidente do Senado mudasse de idéia.

  Agaciel entregou uma carta a Sarney pedindo que seu afastamento não fosse temporário, mas de forma definitiva. Antes do encontro final com o presidente, o diretor-geral disse estar disposto para o "sacrifício". "O que não quero é ser empecilho. Se alguém tiver que ser dado em sacrificio para que se acalmem os ânimos, estou à diposição".

  O diretor-geral reclamou que já estava "condenado" apesar de ter apresentado "provas" de que não cometeu nenhuma ilegalidade.

  Sarney confirmou a saída de Agaciel. "Ele me entregou e eu aceito o pedio de demissão do cargo". O presidente do Senado ressaltou que a denúncia será examinada pelo Tribunal de Contas e não quis dizer se Agaciel poderá voltar à função caso seja considerado inocente. "Isso aí é no futuro".


  Diretor-geral do Senado desde 1995, Agaciel já foi investigado algumas vezes. A principal aconteceu em uma operação da Polícia Federal nas dependências do Senado. A PF avisou o então presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), da investigação e o servidor foi acusado de ter mexido nos computadores que seria apreendidos antes da polícia chegar.

  No caso da mansão, Agaciel admitiu em um primeiro momento em entrevista à Folha de São Paulo ter registrado o imóvel em nome de seu irmão, o deputado federal João Maia (PR-RN), por estar com os bens bloqueados em 1996, data da compra. Na segunda-feira (2), o diretor-geral retificou sua afirmação e disse ter declarado a mansão em seu imposto de renda, deixando apenas de passar a escritura para o seu nome por se tratar de um "negócio familiar".

  Afastado da função, Agaciel continuará a dar expediente no Senado porque é funcionário efetivo.