Em nota divulgada nesta segunda, o PMDB disse que "não dará maior atenção" ao caso "em razão da generalidade das alegações". "Não aponta nenhum fato concreto que fundamente suas declarações. Ademais, lança a pecha de corrupção a todo sistema partidário quando diz 'a corrupção está impregnada em todos os partidos'. Trata-se de um desabafo ao qual o partido não dará maior relevo."
PARTIDO DA "CORRUPÇÃO"
Na entrevista de Jarbas Vasconcelos às Páginas Amarelas de VEJA, o senador pernambucano afirma que "boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção". Ele também diz que seu partido não tem "bandeiras, propostas nem norte". Apesar disso, contou que não deixará a legenda. "Se sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo."
Na opinião do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a entrevista de Jarbas Vasconcelos a VEJA era motivo para sua saída do partido. "Ele generalizou e não deve se sentir confortável no PMDB depois das críticas. Deve sair", afirmou, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo. Henrique Eduardo Alves (RN), líder do partido na Câmara, também reclamou.
"É uma incoerência: ele fala tudo isso e fica no partido? Não dá para entender", disse Alves, que destacou ainda que seu partido elegeu grande número de prefeitos no ano passado e assumiu as presidências da Câmara e Senado graças ao apoio de outros partidos. Outro senador veterano do PMDB concordou com as frases de Vasconcelos. Mas Pedro Simon (RS) criticou também as outras legendas.
"Acontecem as mesmas coisas com os outros partidos: PT, PSDB, DEM, PPS e PTB. Estamos numa geleia geral", afirmou. "Acontece que alguns têm mais corrupção que outros pois são maiores." O deputado Michel Temer, presidente do partido, não se pronunciou. Rival de Jarbas no seu estado, o deputado Silvio Costa (PMN-PE) disse que o PMDB deve se explicar sobre o que foi dito pelo senador.
O senador José Sarney (PMDB-AP) não quis comentar, dizendo que as declarações são opiniões pessoais do colega de partido. Na entrevista a VEJA, Jarbas disse que a eleição de Sarney para a presidência do Senado é "um completo retrocesso", resultado de "um processo tortuoso e constrangedor". "A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador", criticou Jarbas.