As declarações do prefeito João Henrique Carneiro sobre a alegada falta de apoio do governo estadual para o carnaval foram recebidas com surpresa pelo governador Jaques Wagner e por cinco secretários cujas pastas têm atuação na organização da festa.
A notícia da entrevista concedida pelo prefeito em Brasília chegou enquanto Wagner e seus auxiliares reuniram a imprensa num café da manhã para anunciar os investimentos no carnaval.
Além da transferência de R$ 2,73 milhões diretamente para a Prefeitura de Salvador, o Governo da Bahia vai apoiar outras 11 cidades com mais R$ 2 milhões. Entre apoios a entidades carnavalescas e diversos serviços, o investimento total passa dos R$ 45 milhões - 12% a mais que no carnaval passado.
Somente a operação montada pela Secretaria de Segurança Pública, envolvendo quase 23 mil policiais civis e militares, exigirá um desembolso de R$ 21,53 milhões. A Secretaria da Saúde mobiliza 2 mil profissionais e seis hospitais em regime de plantão especial, ao custo de R$ 2 milhões.
A Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte investe R$ 650 mil em parceria com as cooperativas de catadores de material reciclável para que 2.200 trabalhadores tenham farda, alimentação, equipamentos de proteção individual (protetores auriculares, luvas etc), além de capacitação e concessão de microcrédito.
OUTROS INVESTIMENTOS
Já a Secretaria de Turismo preparou um esquema especial para receber os visitantes que chegam à Bahia para curtir o carnaval, além de um call center funcionando 24 horas com atendentes falando em 3 idiomas, 150 pontos de informação espalhados pela capital e mais de 500 guias e monitores para apoio aos turistas. A Setur investirá R$ 10,58 milhões para viabilizar todos estes serviços.
Outros R$ 10 milhões serão investidos pela Secretaria da Cultura em ações fundamentais para viabilizar a festa: 117 blocos afro, afoxés, ijexás e grupos de samba receberão apoios variando de R$ 15 mil a R$ 100 mil; o "Projeto Carnaval Pipoca", dedicado aos foliões que brincam fora dos blocos de cordas, oferece 4 trios elétricos com 17 atrações que farão 20 desfiles. A Secult viabiliza também o carnaval do Pelourinho, que em 2009 comemora os 60 anos do afoxé Filhos de Gandhy.
Serão mais de 80 atrações para todos os gostos, além de uma intensa programação infantil.
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza investirá R$ 379 mil num serviço para abrigar crianças perdidas e localizar os pais e sustenta uma campanha de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes. A Secretaria de Promoção da Igualdade, em parceria com as Voluntárias Sociais, promove a "Folia Abrigada", uma espécie de creche onde os ambulantes poderão deixar os filhos enquanto trabalham nas ruas.
AS DECLARAÇÕES
DO PREFEITO
o prefeito de Salvador João Henrique (PMDB) afirmou, em entrevista concedida durante o encontro dos prefeitos com o presidente Lula (PT), que não recebe ajuda do governo do Estado para organizar o Carnaval.
"Encontramos um modelo péssimo de gerenciamento do carnaval, extremamente deficiente. A infraestrutura que a prefeitura monta para o carnaval acontecer custa em torno de R$ 30 milhões. Quando o meu antecessor administrava a cidade, o governo do Estado bancava tudo. Desde que eu assumi, nenhum governo do Estado me ajudou".
"0Eu não tive essa benevolência de nenhum dos dois governadores. Nem o do DEM e nem o atual do PT, com quem eu até tenho boas relações administrativas, mas o modelo é que é absurdo", criticou. "A gente deixa de pagar a merenda escolar, os remédios dos postos de saúde, para pagar as despesas do carnaval. Tenha paciência. Minha folha de pessoal do mês é R$ 40 milhões. Então um carnaval pra mim é quase uma folha de pagamento por mês", comparou o prefeito.