Política

DEPUTADO DIZ: BAHIA SE ENCONTRA NO CENTRO DO DEBATE DA USINA NUCLEAR

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| 11/12/2008 às 20:26
Instalação de Usina Nuclear do Nordeste com a Bahia no roteiro
Foto: Foto: Arquivo
  Nesta quinta-feira (11) a Assembléia Legislativa, por iniciativa do vice líder do governo, deputado Álvaro Gomes, debateu em sessão especial a instalação de usina nuclear no Nordeste.

  Diversas entidades sociais, ambientais e sindicais participaram da discussão junto à mesa formada por especialistas em energia nuclear. O deputado Álvaro Gomes abriu a sessão contextualizando a região Nordeste, seu crescimento populacional e econômico, a demanda cada vez maior por energia e a perspectiva concreta da escassez das fontes de petróleo.

  "A questão gera grande polêmica, se por um lado existem os defensores de que a energia nuclear é perigosa, outros especialistas afirmam que a energia nuclear é a que menos impacto causa ao meio ambiente, onde os riscos são controlados", afirmou o deputado. Os riscos da implantação de uma usina nuclear são os acidentes de grandes vultos, o armazenamento do lixo atômico e a produção de armas.
 
BRASIL

Neste contexto, o Brasil se apresenta com enormes desafios por contar com um enorme potencial na produção de energia e novas alternativas como o biodiesel e o etanol. Do ponto de vista da geração de energia elétrica, o Brasil ocupa a 10º posição mundial, com a produção hidroelétrica sendo a principal fonte (85%), seguidas das fontes termoelétrica, renováveis e nucleoelétrica (2%).

Mesmo com uma formidável produção hidroelétrica, o país foi atingido por uma crise de oferta gravíssima em 2001. Diante da escassez das fontes energéticas, o governo através do programa de Política Nuclear Brasileira pretende instalar em Pernambuco e na Bahia seis ou sete usinas com um investimento de US$ 90 bilhões.

Presente na mesa, a assessora técnica do presidente da Eletronuclear, Olga Simbalista, ressaltou que o Brasil possui uma malha de transmissão de energia nuclear privilegiada, além de um sistema elétrico interligado com dimensões continentais. "Como o Nordeste não dispõe de um grande potencial hidráulico se faz importante a participação de fontes nucleares".

A assessora da Eletronuclear também demonstrou preocupação com o meio ambiente. "A segurança, os resíduos tóxicos e o armazenamento são fatores de extrema importância. Hoje temos a tecnologia dominada e o Brasil tem explícito em sua Constituição Federal o banimento de armas nucleares".

POLÍTICA ENERGÉTICA

O professor da UFBA e especialista em desenvolvimento regional, Fernando Cardoso Pedrão, afirmou que o Brasil precisa de uma política energética no país que seja independente. "Não podemos analisar pelo viés meramente técnico e precisamos aprofundar esse debate que já devia ter sido iniciado".

O secretario estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, Ildes Ferreira de Oliveira, afirmou que "até 2030 precisaremos dobrar a capacidade de energia. Precisamos discutir a questão em uma perspectiva mais ampla, indagando sobre qual a política de energia adequada ao Brasil".

Para o representante do secretário de Meio Ambiente, Eduardo Mattedi, "não damos conta da demanda do mercado por isso é necessário repensar nosso modelo de desenvolvimento". Otto Bittencourt, diretor de recursos minerais da Indústria Nucleares Brasil (INP), afirmou que nos últimos 20 anos o programa nuclear no país esteve parado. "Apenas no ano passado a discussão voltou à tona.

Estamos iniciando o detalhamento de áreas e Caetité possui uma mina que é a maior da América Latina, com uma produção de 400 toneladas ao ano. É preciso dizer também que a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) fazem inspeções rigorosas".

DIVERSIDADE

O coordenador da Agencia Nacional de Petróleo na Bahia, Francisco Nelson, destacou a diversidade da matriz energética no Brasil. "As alternativas complementares, como a energia nuclear responsável por apenas 2% da energia consumida no país deve ser encarada como bastante positiva.

A Bahia encontra-se no centro dessa discussão pois possui a matéria prima, que é o urânio, mas precisa desenvolver-se". Para o assessor da Nuclep - Núclebrás Equipamentos Pesados, Paulo Eduardo, "talvez leve uma ou duas gerações para que seu uso seja otimizado mas destaco que é uma forma de energia que não pode ser desprezada". Á

lvaro Gomes encerrou a sessão afirmando que "não adianta desenvolvimento a qualquer custo é preciso fazer um desenvolvimento sustentável, com preservação do meio ambiente". O deputado afirmou ainda que esse é apenas o início de uma discussão que precisa ser amadurecida através de um amplo debate na sociedade.