"Lamentavelmente ele fez isso explicitamente através de declarações públicas sobre uma questão ainda pendente, ferindo mortalmente a ética que deve prevalecer nessas questões", disse o ex-governador, para quem esse tipo de atitude visando intimidar o Judiciário será infrutífera. "Infelizmente o presidente da A.L. incorporou o espírito petista de procurar bodes expiatórios toda vez que um resultado ou uma decisão não correspondam à sua vontade".
Segundo Souto, o presidente do Legislativo não pode querer transferir ao Poder Judiciário os problemas causados pela instabilidade da base política do Governo, pois independente da questão em foco e muito antes da decisão, a Assembléia já tinha problemas de funcionamento, causados, sobretudo pela maioria do governo.
ABERRAÇÃO
"Considerar interferência do Judiciário que a Justiça se pronuncie sobre uma questão suscitada por membros do próprio Poder Legislativo é uma aberração. Quem, se não o Judiciário poderia decidir sobre o caso?", pergunta o presidente do DEM, lembrando que, mesmo tendo suscitado judicialmente o caso no início de 2007, os membros da oposição na A.L aguardaram respeitosamente a decisão da Justiça da Bahia.
Para Paulo Souto, ao invés da posição que tomou, o presidente da A.L. poderia sim procurar ajudar a resolver problemas ainda muito graves que realmente dificultam o trabalho do Judiciário na Bahia. "E um bom início para isso seria ler com todo cuidado a excelente entrevista da Desembargadora Sílvia Zarif, presidente do Tribunal de Justiça concedida na edição de domingo do jornal A Tarde".
O ex-governador acredita que o presidente do Legislativo poderia, por exemplo, estimular os deputados a encontrarem formas de alocar no orçamento estadual recursos para investimentos na modernização do Judiciário.
"Isso parece perfeitamente possível, tendo em vista que a velocidade do crescimento de recursos destinados a pessoal do Judiciário caiu muito em relação ao que aconteceu entre 2002-2006, pois em 2007 e 2008 não houve aumento na remuneração de juízes e desembargadores, o que poderia permitir, sem qualquer problema de limitação legal, a destinação de recursos adicionais para investimentos no Judiciário, concluiu Souto.