Homem simples, trabalhador, "seu" Vavá, como é conhecido pelos amigos, tem o hábito de dormir cedo: às 9 horas da noite, segundo conta. Mas ontem, preferiu perder algumas horas de sono para acompanhar de perto o comício de João. "Não podia perder. Tenho minha casa própria graças ao pai dele, o ex-governador João Durval, político a quem sou muito agradecido", disse o trabalhador que acorda, normalmente, às 6 da manhã.
"Seu" Vavá não foi o único a chegar cedo no campo de futebol de Cajazeiras X para participar da festa da coligação Força do Brasil em Salvador. Uma multidão de pessoas, a maioria moradora do imenso bairro que é Cajazeiras, implantado na década de 80, pelo tão governador João Durval, e que se transformou em um dos maiores programas de habitação popular de Salvador.
Cajazeiras é uma verdadeira cidade dentro da cidade de Salvador, um dos maiores colégios eleitorais da capital baiana. Lá, os candidatos da coligação Força do Brasil em Salvador, João Henrique e Edvaldo Brito, obtiveram 38% dos votos no primeiro turno da disputa pela prefeitura de Salvador.
Por isso, a escolha pelo bairro para a realização do comício. "Fiz dois comícios neste segundo turno das eleições: um no subúrbio e este de Cajazeiras. Essa é a minha forma de agradecer a expressiva votação que vocês me nos deram", falou João, pedindo para que os moradores repitam o resultado. No subúrbio ferroviário, a chapa João/Brito obteve 48% dos votos.
Humildade
No palanque de João, figuras expressivas da política baiana e nacional. O ministro Geddel Vieira Lima, da Integração Nacional, dois ex-governadores - Paulo Souto e Joõ Durval -, os deputados federais ACM Neto, Maurício Trindade, Marcos Medrado, Paulo Magalhães entre outros. Vereadores, secretários e lideranças comunitárias formavam o cenário.
A expectativa era de discursos duros revidando as agressões sofridas por parte dos adversários que, na noite da última quarta-feira, no comício que realizaram no mesmo local que João havia feito na semana passada, bateram pesado no prefeito e seus aliados.
Mas João, Geddel, ACM Neto, Paulo Souto e todos os outros que se pronunciaram preferiram ignorar os ataques. Usaram o tempo para pedir aos eleitores que continuem firmes, que não descansem um só minuto até estar garantida a reeleição do prefeito João Henrique.
Quem começou dando o tom ameno aos pronunciamentos foi o ministro Geddel Vieira Lima. Lembrou que o presidente Lula foi candidato em cinco eleições. Perdeu três, ganhou duas. E deixou, tanto nas derrotas quanto nas vitórias um grande ensinamento: o da humildade na vitória e o da dignidade, nas derrotas, porque vitórias e derrotas fazem parte do jogo da democracia."Tenho convicção de que vamos ganhar e vamos abraçar a humildade. Não vamos responder àqueles que não entenderam as lições do presidente Lula", disse.
Foi justamente com base nesta lição que Geddel parabenizou a "altivez" do deputado ACM Neto em apoiar a candidatura de João. Neto foi derrotado no primeiro turno da disputa eleitoral. Geddel destacou o fato de, apesar de em nível nacional serem adversários, já que ele, Geddel, é ministro do governo de Lula, a quem Neto faz oposição, mostra a sua altivez.
"Sei que, mesmo preservando seus ideais, será capaz de construir o diálogo em favor da responsabilidade para com o povo brasileiro. Estamos enfrentando uma crise mundial e sei que apoiará as decisões que o governo precisará adotar para garantir a tranqüilidade do País".
Geddel falou ainda do apoio que João terá dos dez ministros, o que significa o apoio do presidente que, ao decidir não se envolver na disputa municipal, deixou que a escolha aconteça livremente porque, qualquer que seja o vencedor, terá seu apoio. O ministro pediu que cada cidadão ajude a "construir uma Salvador mais justa, mais digna" votando no 15, votando em João.
Apoio decisivo
Para o candidato à reeleição, João Henrique, o apoio do deputado ACM Neto, que obteve uma votação de 27% no primeiro turno, vai decidir essa eleição. Por isso, agradeceu a decisão dos Democratas em apoiarem a sua candidatura. Neto confessou não entender porque o PT resolveu criticar a aliança formada com o PMDB. Afinal, disse ele, "fui procurado pelos dois partidos e o PT só começou a desqualificar a aliança após ter seu pedido negado".
Disse que a decisão foi pensada e que ficar ao lado de João foi resultado de muita reflexão do seu partido e dos que o acompanharam no primeiro turno. "Decidimos ficar ao lado da reeleição de João pelo compromisso assumido por ele em ajudar o governo a cuidar melhor da segurança, a dar maior atenção às crianças, às mulheres e aos idosos", dentre outras propostas que defendeu na sua campanha.
Afirmando que o adversário é "tinhoso", "perigoso", Neto conclamou a todos a não descansar. "Só faltam três dias. Ninguém pode descansar. Peço o empenho de todos para buscar cada voto para João, para lutar pela reeleição deste prefeito que é a melhor opção para a cidade. Vou continuar andando por cada canto de Salvador, por todos os bairros, dizendo a cada um de vocês que agora sou 15. Votem no 15, votem em João".