Um evento gratuito, realizado em espaços públicos, onde a população tem acesso a 24 horas de atrações musicais, teatro, dança, circo, música erudita e apresentações regionais. Essa é a dinâmica do projeto Virada Cultural Paulista, que foi discutido ontem (12) no Casarão Santa Maria, Rio Vermelho. O debate "Poder cultural e Oportunidades", evento que integra o Ciclo de Seminários Salvador 2009 - Novos Caminhos, promovido pelo PSDB da Bahia.
"Para tratar desse case econômico e cultural e de outras iniciativas que possam potencializar essa vocação de Salvador, gerando novas oportunidades para nossa população, tivemos a presença de personalidades da cultura de Salvador e dos coordenadores do projeto Virada Cultural Paulista", afirmou o presidente do PSDB na Bahia e pré-candidato à prefeitura de Salvador, Antônio Imbassahy, mediador do debate.
José Mauro Gnaspini, supervisor de Programação da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, explicou as origens do projeto paulista. "A Virada Cultural surgiu de uma inspiração européia, tendo foco nas artes visuais. Em São Paulo, o evento teve proporções maiores". Marcado pela pulverização, com palcos espalhados em diversas áreas, o festival de expressões artísticas tem como reduto principal o centro da cidade, "porque é um lugar que as pessoas não costumam freqüentar à noite por medo", diz Gnaspini. Ele defende a revalorização do local através do projeto, que movimentou este ano cerca de 4 milhões de pessoas na capital paulista.
Arnaldo Gobetti Júnior, da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, destacou a expansão do evento para as cidades do interior, onde haverá uma intensa programação cultural nos próximos dias 17 e 18. "Começamos com dez municípios no ano passado e, este ano, a Virada acontecerá em 19 cidades", comemora. Para Gobetti, trata-se da "retomada dos espaços públicos pelo povo". Sobre a viabilidade de implantação do projeto na capital baiana, ele afirmou que "Salvador é uma cidade que transpira cultura. É só organizar".
Representante nato da cultura baiana, Vovô do Ilê apontou desafios para a cidade. "Salvador precisa ser mais igual, e, para isso, seus representantes e a sua população precisam assumir a sua cara preta". No quesito políticas públicas ele afirma: "No final do seu mandato, Imbassahy mudou a postura e passou a reconhecer Salvador como uma cidade negra, diferentemente dos outros gestores". Uma das bandeiras defendidas por Vovô é a valorização da cultura e da terra natal pelo baiano. "No Curuzu, há jovens que conhecem a Europa, mas não conhecem o Recôncavo baiano".
Com opinião semelhante ao fundador do Bloco Ilê Aiyê, Neguinho do Samba destacou a atuação dos blocos afros não apenas na cultura, mas na educação baiana. "Para tocar tambor, o menino tem que estar bem na escola", afirmou. Também integrou a mesa o professor Amílcar Baiardi, representante da Fundação Astrojildo Pereira. No público, estavam o deputado federal João Almeida (PSDB), o presidente do Diretório Municipal de Salvador, Armando Lessa, os vereadores Paulo Câmara, José Carlos Fernadez, Jorge Jambeiro e Décio Santana (todos do PSDB), o presidente do PPS, George Gurgel, e o pré-candidato Miguel Kertezman e o empresário Clarindo Silva.