Política

DEPUTADO DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS FAZ MOÇÃO CONTRA NATALINO

Veja los argumentos do dep Yulo Oiticica
| 08/05/2008 às 12:22

  O deputado estadual Yulo Oiticica (PT/BA), membro da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa da Bahia apresentou Moção de Repúdio nesta quinta-feira (8), às declarações do então coordenador do Curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia, Antonio Natalino Dantas, segundo o parlamentar petista, "dotada de argumentos caluniosos, pejorativos, racistas e reacionários, ao afirmar de forma abominável, que o sistema de cotas para afro-descendentes pode estar influenciando o resultado daquela instituição no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), instrumento do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, do Ministério da Educação.


   Segundo Yulo, "a postura deste senhor denota um elevado ranço discriminatório como há muito não se vê no Brasil. Ela revolve os túmulos do mais duro núcleo eugenista que horrorizou o mundo há décadas não muito distantes, e evoca teorias sociais higienizantes e raciológicas de caráter perversamente etnocêntrico que povoaram as mentes de membros da aristocracia política de outrora, e que tanto retardaram a implementação da democracia plena em nosso país", criticou o parlamentar petista.


  Para o deputado baiano, o ato do "professor" revela inicialmente ao menos duas lastimáveis questões: ele desconhece por completo o sentido do ENADE, que constitui um instrumento fundamental de avaliação do ensino superior, no intuito de contribuir à elevação de sua qualidade em favor da consolidação do conhecimento produzido no Brasil, condição mesma da reiteração da soberania nacional, jamais, portanto, se prestaria à avaliação cognitiva dos estudantes, o que se enquadra numa anacrônica concepção de determinismo biológico; suas declarações demonstram um real despreparo para ocupar um tão elevado posto de gestão, sendo incapaz de perceber que os resultados apontam para prováveis problemas no processo ensino-aprendizagem, os quais podem ter base administrativa, pedagógica ou ambas, e mais, redunda numa fuga à sua responsabilidade de apontar alternativas à resolução do problema.


  É no mínimo lamentável perceber que o homem escolhido para ocupar um cargo de distinção entre os baianos, cargo este que o põe em evidência simbólica de, nas suas proporções, porta-voz de uma instância da comunidade acadêmica, considera que estes mesmos baianos são inaptos ao exercício do pensar e, portanto, inferiores aos demais habitantes da Nação. Suas declarações envergonham a Bahia diante do Brasil e o Brasil diante do mundo. Devem ser rechaçadas com a maior contundência, sobrepondo-lhes um contra-discurso de reconhecimento da igualdade entre os povos, da riqueza e importância da diversidade cultural, em suma, da grandiosidade do povo da Bahia, berço sócio-econômico-cultural do Brasil.


  Segundo Yulo, repudiar declarações e pensamentos como esse é um dever do Parlamento baiano, lócus do debate social em nosso estado, ressonância da vontade e da voz de nosso povo. Neste sentido, o deputado petista é solidário à Faculdade de Medicina e à Reitoria da Universidade Federal da Bahia, assim como ao Diretório Central dos Estudantes dessa Universidade, ao Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina da UFBA, ao Centro de Estudos Afro-orientais da UFBA, à Casa Olodum, ao Movimento Negro Unificado e ao Conselho Regional de Medicina.