Questionada por senadores sobre se teria dado duas versões a respeito do episódio, de que primeiro não havia dossiê e depois de que na verdade o crime teria sido o vazamento, a ministra rebateu: "Nós não demos duas versões. Dissemos: 'não há dossiê, há banco de dados', e vou continuar reiterando isso", disse.
Dilma disse ainda esperar que o vazamento das informações seja investigado. "Consideramos que foram vazadas informações e estamos buscando isso na comissão de sindicância, também com a PF. Está em investigação quem vazou posto que não há dossiê, há banco de dados."
Segundo ela, a Casa Civil fez um banco de dados para tornar mais transparente os dados da Presidência a pedido do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo a ministra, o TCU informou que tinha dificuldade de obter informações do suprimento de fundos.
"O que aconteceu em 2004? Foi feita auditoria pelo TCU e disseram que tinham dificuldade de obter informações do suprimento de fundos, que estava de difícil acompanhamento e de difícil compreensão. A Casa Civil então, antes de eu chegar à Casa Civil, tomou a decisão de fazer o banco de dados, de organizar os dados."
Dilma disse que o Senado foi comunicado que estava em andamento a formação do banco de dados.
"Houve um pedido de informação de setembro de 2005. Nele, o senador Arthur Virgílio pede para a Casa Civil dados relativos aos gastos de alguns ministros antes de 2002. A Casa Civil responde que a Presidência aderiu ao cartão corporativo em 2002 e que gastos estavam sendo objeto de banco de dados."
O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse que o não envio de informações por ele solicitados em 2005 para a Casa Civil representaria crime de responsabilidade. Dilma respondeu que a Casa Civil não dispunha dos dados requeridos na época.
A ministra afirmou se considerar "vítima" do vazamento. "Eu me considero a maior vítima desse processo. Acredito que é um processo que não se compadece com a democracia brasileira, e sim com a ditadura."
Para Dilma, a formação de um banco de dados é "crucial". "O banco de dados é crucial. Ele vai me permitir que o senhor perguntando (senador), eu responda na hora."
Uma discussão sobre a ditatura militar marcou o início do depoimento da ministra à comissão. O senador José Agripino Maia (DEM-RN) citou que a ministra mentiu durante a ditadura e disse que teme, por conta da formação do suposto dossiê contra o ex-presidente Fernando Henrique pelo governo, que o Brasil volte ao "regime de exceção".
Ao responder ao senador, a ministra Dilma disse se orgulhar de ter mentido na época da ditadura. "Qualquer comparação entre ditadura e democracia, só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira. Eu tinha 19 anos e fiquei três anos na cadeia e qualquer pessoa que ousar dizer a verdade a seu torturadores pode colocar a vida de seus pares em risco (...) Eu me orgulho de ter mentido. Mentir na tortura não é facil."