Política

CRISE DA FAMED CHEGA A ASSEMBLÉIA E VIRA TEMA DE DEBATES NA CASA

Que loucura essa FAMED
| 07/05/2008 às 17:59

 

O líder do Democratas na Assembléia, deputado Heraldo Rocha disse que a crise maior porque passa a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) passa também pela formação dos profissionais.

"As denúncias do professor Antônio Natalino Manta Dantas foram importantes porque abriu uma janela que expôs as deficiências no ensino de medicina na UFBA, onde o Hospital das Clínicas Prof. Edgard Santos se deteriora e não presta um ensino de qualidade para formação profissional", afirmou.


De acordo com o deputado, desde a reforma de 1970 importantes cadeiras foram extintas e isso refletiu diretamente na formação profissional: Propedêutica Médica, que ensinava o estudante a examinar o paciente e a de Terapêutica Médica, que orientava o estudante a receitar.

"Hoje, o médico não sabe examinar um paciente. Confia em exames e na tecnologia e não avalia o paciente como um todo e, logo após, tem que confiar nos conhecimentos passados pelos representantes de laboratórios para receitar um medicamento, o que é lamentável", avaliou.


DECLÍNIO

Para o parlamentar, que também é médico, desde então, a Faculdade de Medicina da UFBA que já foi uma das melhores do país, entrou em declínio, hoje se vê envolvida em escândalos dos mais variados e mergulhada numa grave crise.

"Muitas destas situações que surgem hoje foram detectadas desde 2004 e que ainda não foram solucionadas pela Administração Central da UFBA, pelo contrário, só se agravaram. Desde 2004, cobram providências para o esvaziamento do Hospital das Clínicas e da Maternidade Climério de Oliveira.

MAIS CRÍTICAS

O deputado João Carlos Bacelar (PTN), vice-líder da Oposição na Assembléia Legislativa, atribuiu à Secretaria de Saúde do Estado (SESAB), parte da crise que ocorre hoje na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e ao esvaziamento, sobretudo, do Hospital das Clínicas, Prof. Edgard Santos. Isso se deve, porque a UFBA fez com que seus profissionais deixassem de atuar na instituição de ensino e passassem a trabalhar nas Fundações, cujos vencimentos são mais atrativos.


A denúncia partiu de diretores de Faculdades e Diretório Central de Estudantes (DCE) que confirmam a contratação de funcionários permanentes, ou seja, integralmente à disposição das fundações, quando deveriam estar também disponíveis para a UFBA; cursos que não deveriam ser cobrados e o são; déficit financeiro; problemas na contabilidade; uma contadora que elaborou o Imposto de Renda da fundação e é filha do auditor, além de não existir a especificação de carga horária dos professores para que não choque com as aulas da UFBA. Existem professores que só prestam consultorias através das fundações e dão aulas em cursos pagos, principalmente nos cursos de Administração, dedicando-se apenas a atividades privadas, o que é totalmente irregular.


"A Participação da Sesab ocorre quando a secretaria cancela um contrato como o da Fundação Sócrates Guanaes, que administrava o Instituto do Coração da Bahia (Incoba), sendo substituído pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Extensão (FAPEX), fazendo com que profissionais de saúde deixassem de atuar em sala de aula ou no Hospital das Clínicas, para se dedicarem exclusivamente ao Incoba", afirmou Bacelar.


De acordo com o deputado, as relações suspeitas entre o Estado e as fundações vêm sendo denunciadas desde o início do ano passado e foi motivo de pedido de investigação através de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), solicitada pela Oposição. "Mas infelizmente, a base aliada não quis investigar as relações existentes entre o governo e as fundações, como as da Universidade Federal da Bahia e que agora são denunciadas por diretores e alunos. O problema da crise da UFBA é corrupção e desvio de verbas, como denunciou o professor José Tavares Neto, diretor da Faculdade de Medicina da UFBA.E a responsável pela crise são as fundações que fazem a intermediação com empresas e o Estado, como a SESAB. Previmos, no passado, que as relações do Estado com essas fundações ainda iria se complicar e hoje fica claro que as investigações através de uma CPI se faziam necessárias", concluiu Bacelar.


DEFESA DO GOVERNO

Coube ao deputado Carlos Ubaldino (PSC) fazer a defesa do governo destacando o trabalho que o secretário Jorge Solla vem fazendo em prol da saúde pública na Bahia, com a implantação do Samu e de várias transformações na estrutura hospitalar do Estado. Segundo Ubaldino, a Sesab não pode ser responsabilizada pela crise na FAMED/UFBA.

Já o deputado Bira Coroa (PT) preferiu navegar em defesa dos estudantes da FAMED com críticas ao comportamento do ex-coordenador de cursos, Natalino Dantas, que praticou "racismo" ao tratar os alunos da forma que tratou.