Ao buscar o significado dos nomes não será difícil para ninguém descobrir: Francisco vem de "francês", na origem latina da palavra, e indica aquele guerreiro que conduz a lança. Pessoa de caráter firme e audaz, que não raramente é perseguida e encontra desafios e problemas no relacionamento social - e político - porque quer e luta com denodo por suas convicções.
O Francisco da Feira do Santana, que partiu em 19 de fevereiro e cuja memória se celebra neste ato cristão, se encaixa bem na definição genérica, mas ela não é plena se o nome pesquisado for o de Francisco Pinto, ou simplesmente Chico Pinto, como consagrado pelo povo baiano e brasileiro em larga trajetória de lutas e conquistas, mas também de perdas e danos.
Neste caso é necessário muito mais para abarcar toda a grandeza humana e significado político da figura deste feirense invulgar. Do legado exemplar deixado por ele. Não só para os seus entes mais próximos e queridos - esposa, filha, irmãos, parentes -, mas generosamente distribuído entre amigos, companheiros e pessoas em geral que com ele compartilharam lutas e compromissos. Uma riqueza que não tem preço.
Uma vez, em escrito sobre Chico, foi lembrado um pensamento do pernambucano Agamenon Magalhães, citado por Ulisses Guimarães no livro "Rompendo o Cerco": "Político não compra nem vende".Vale repetir agora estas palavras, que falam de outra época e de outra estirpe de pessoas, parlamentares e homens públicos.
Referem-se a figuras como o ex-prefeito de Feira e ex-deputado federal por décadas, que em lugar de acumular fortuna em sua região, perdeu bens e saúde no bravo e digno exercício da atividade política e parlamentar, na defesa de suas convicções de imbatível Francisco, guerreiro pelas melhores lutas democráticas e sociais travadas na Bahia e no Brasil nas últimas cinco décadas.
Na dedicatória do livro "Cerimônia do Adeus", sobre Jean-Paul Sartre, a escritora francesa Simone de Beauvoir escreveu: "Para todos que o amaram e que o amarão daqui em diante". Repitamos agora, em forma de oração, as mesmas palavras em memória de Chico Pinto.
Saudades!