Veja o que aconteceu, em 2006
A dupla "casadinha" Lula/Wagner levou o "carlismo" à lona, em 2006 (Foto/Div)
Foto:
Setores do PT e do PSDB estão remexendo no baú da memória política de 2006 para tentar entender as declarações do prefeito João Henrique, postas na Band News, ontem, e publicadas neste site com alguns comentários politicos adicionais, dando conta de que Jaques Wagner só conseguiu eleger-se governador graças a retirada do seu nome do pleito, a pedido do hoje ministro Geddel Vieira Lima. Entendem esses segmentos que o prefeito surtou ou entrou em crise branda psicológia.
Em 2006, de fato, houve uma aliança entre o PMDB e o PT, a qual, contribuiu para viabilizar a candidatura Wagner no plano político. Mas, no plano eleitoral, o grande diferencial para levar Wagner à cabeça e vencer a eleição no primeito turno foram a fadiga de materiais do PFL, com 16 anos no poder, e a casadinha com o pleito presidencial e a performance ascendente e imbatível do presidente Lula da Silva, em sua reeleição.
Como já havia acontecido em 1986, com Waldir Pires e o sentimento de mudanças na Bahia, em 2006 (vinte anos depois) esse mesmo sentimento se disseminou no Estado com o reforço de Lula. O personagem alvo nas duas campanhas foi o ex-governador e ex-senador ACM. Daí que, se desconhece no plano histórico, da realidade dos fatos, essa importância atribuida a sí pelo pelo prefeito João Henrique.
Em 2006, além de João Henrique não ter relações com Geddel Vieira Lima, cujo apoio à sua candidatura a prefeito, em 2004, fora negado pelo próprio prefeito, sua familia alardeava nos bastidores dando conta de que João Henrique não deixaria a Prefeitura de Salvador, como fizera João Durval, em Feira de Santana, para se arriscar numa "aventura" política.
Havia traumas em relação a isso e chegou-se a lançar o nome de João Durval, no diretório do PSDB/Empresarial Iguatemi, como candidato a governador e Antonio Imbassahy a senador.
Além disso, se tornou público e notório que o prefeito tentou negociar apoio à sua administração pelo grupo de ACM. Usara como pretexto para a aproximação com os carlistas o episódio da suspensão do fornecimento de combustível ao município pela Petrobras e uma suposta hegemonia do governador Paulo Souto.
Fato que foi recriminado de público pelo então presidente do PSDB na Bahia, deputado Jutahy Magalhães Júnior e estabeleceu o primeiro mal-estar entre ambos. Jutahy fora sincero "em demasia" com duras observações sobre uma aproximação com ACM, situação que não admitia em hipótese alguma.
No meio petista e palaciano ainda hoje existem mágoas sobre a indiferença do prefeito em relação à campanha de Jaques Wagner, apesar do engajamento de seu pai, o ex-governador João Durval (PDT), que disputou e venceu a vaga ao Senado na chapa petista. Lembre-se, pois, que Durval inicialmente fora lançado pré-candidato a governador numa provável chapa PDT/Durval, ao governo; PSDB/Imbassahy, ao Senado.
Através de uma articulação do deputado federal Sérgio Carneiro, filho de Durval e irmão do prefeito, sem a participação de João Henrique, houve o convencimento de Sérgio para que seu pai, ao contrário de ser governador (o que poderia ser uma aventura) lançar-se candidato a senador na chapa de Wagner, pela legenda do PDT. Como de fato aconteceu e empurrou a candidatura sólo de Imbassahy à derrota.
Esse episódio foi que levou João Henrique ao palanque de Wagner (não à campanha) por fidelidade partidária ao PDT, partido ao qual pertenciam ele e o pai.
Em A Tarde, hoje, o secretário da Articulação do Governo, Rui Costa, o qual, participou da articulação política da campanha de Wagner se disse surpreso com as declarações do prefeito: "Isso nunca existiu. Se ocorreu essa conversa (entre Geddel e João), foi bastante sigilosa e ninguém nunca soube".
A história, portanto, tem que ser colocada no plano da realidade e não no campo da ficção com insinuou o prefeito JH. (TF)