A sessão foi encerrada às 22h30min
Policiais viram costas p/ deputados da base do governo em protesto na galeria da AL (F/BJá)
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O governo do Estado mudou a tática e orientou a liderança da maioria na Assembléia Legislativa do Estado no sentido de solicitar urgência-urgentíssima e votar os projetos de lei que concedem os reajustes salarais ano base 2008, na sessão deste terça-feira, 1º, para todos os servidores estaduais.
Às 22h15 min a mensagem do reajuste para policiais civis foi aprovada por 37 votos a favor e 11 contra. Com o resultado, a Polícia Civil permanece em greve. A Polícia Militar não entra em greve, e realiza nova assembléia nesta sexta-feira, 4. Os deputados da oposição ainda obstruiram o início da votação em cerca de duas horas.
Pelo projeto, o aumento será de 4,46% agora e mais 0,77% em outubro para todos os servidores de nível médio e um índice maior, variando de 17% a 25% para os grupos de nível superior como oficiais da Polícia Militar e delegados de polícia.
A manobra do governo antecipando a votação em 24 horas tenta desmobilizar os policiais militares que se encontram em "Estado de Greve" e poderiam aderir à paralisação dos policiais civis.
RELATORIA
O PT não quis por a mão na cumbuca e coube ao deputado Paulo Câmara (PTB) relatar o processo enquanto policiais civis e militares lotaram a galeria e o saguão do prédio da AL. Em todos os momento que os deputados da base do governo falaram, mesmo em questão de ordem como foi o caso do líder Waldenor Pereira (PT), os policiais que se encontram na galeria dão às costas ao plenário. Quando os deputados da minoria falam suas orações são recebidas com palmas.
Para o líder da minoria, deputado Gildásio Penedo (DEM), o Partido dos Trabalhadores na Bahia está "rompendo com a história do seu passado e perdendo toda coerência que ainda tinha". Para Penedo, há um clima latente de revolta entre os policiais civis e militares, pois, na primeira oportunidade em que o governo do PT tem de contemplar os trabalhadores com um reajuste mais digno, "se mostra autoritário e irredutível".
Na opinião do líder da maioria, deputado Waldenor Pereira, o qual, comandou sua bancada e derrubou a sessão ordinária para que a matéria fosse apreciada em sessão extraordinária, mais rapidamente, o discurso da oposição "não me sensibiliza na medida em que foram nos governos do então PFL que ocorreram os maiores arrochos para os funcionários públicos estaduais, inclusive com 148 mil servidores, na época de Paulo Souto, recebendo salário base abaixo do salário mínimo".
PALMAS
O clima está acalorado na AL apesar das chuvas que caem sobre a capital baiana. Os policiais estão ocupando vários corredores da AL e o presidente Marcelo Nilo (PSDB) já ameaçou retirá-los da galeria caso queiram interferir nos debates (como já aconteceu) dos deputados em plenário. Os pronunciamentos da oposição são recebidos com aplausos (isso o regimento da Casa permite) e toda vez que alguém da base do governo fala, os policiais dão as costas.
O deputado Paulo Câmara relatou as matéria defendendo que o governo está proporcionando reajustes compatíveis com seu caixa e enumerou os ganhos dos policiais civis e militares. O deputado Clóvis Ferraz contra-argumentou afirmando que dinheiro tem muito no caixa do Estado e a justificativa dada pela maioria não cola. "Recursos têm em quantidade suficiente para dar um reajuste digno e sem mentiras", frisou.
Para apressar a votação (deve prolongar até à noite) o líder da minoria, em todos os horários dos partidos da base aliada afirma que "não há oradores", enquanto a minoria usa todos os horários para retardar a matéria. O governo não dá sinais de que vai fazer qualquer tipo de negociação paralela e a matéria deverá ser votada de acordo com as mensagens encaminhas pelo chefe do Executivo.