Política

JONAS RECUSA VICE E SINALIZA QUE PT TERÁ CANDIDATO PRÓPRIO NA CAPITAL

Jonas Paulo é o novo presidente do PT na Bahia
| 22/03/2008 às 22:03
Jonas Paulo, presidente PT na Bahia, diz que partido construirá candidatura de esquerda (F/Arq)
Foto:
   A recusa de Jonas Paulo, novo presidente estadual do PT, para compor a chapa de uma provável aliança PMDB/PT na condição de vice revela que o partido do presidente Lula da Silva e do governador Jaques Wagner marcha com a disposição de ter candidato próprio à Prefeitura de Salvador.

   No entendimento de segmentos do PT seria incompreensível para a população da capital, sobretudo os militantes e simpatizantes deste partido, hoje majoritário na Presidência da República e no Governo do Estado não dispor de um candidato próprio. Essa tese é defendida abertamente pelo deputado Nelson Pelegrino, o mais forte candidato à sucessão no partido, pontuado com 8% nas pesquisas de opinião.
  
   O prefeito João Henrique (PMDB) manifestou o interesse de ter um candidato do Partido dos Trabalhadores como vice na sua chapa, segundo A TArde, e o convite foi feito ao novo presidente do diretório estadual do PT, o sociólogo Jonas Paulo, 54 anos, durante  conversa reservada na manhã da última quinta-feira, num hotel no Centro da cidade. 


   Ouvido pela reportagem de A TARDE no Rio de Janeiro, onde se encontra passando a Semana Santa, Jonas Paulo confirmou o encontro com o prefeito João Henrique, mas negou que o PT houvesse sido convidado para compor a vice na chapa do peemedebista. "E, se ele fizesse esse convite, receberia um não", afirmou. Segundo o presidente estadual do PT, o melhor caminho para a sua legenda em Salvador atualmente "seria construir uma candidatura alternativa à esquerda para garantir lugar no segundo turno".


   "Estamos de olho na eleição presidencial de 2010, daí a importância das alianças. Vamos trabalhar para a reeleição de Jaques Wagner e para fazer o sucessor de Lula. Eleição se perde e se ganha, mas não queremos perder a eleição em Salvador de jeito nenhum, seja com candidatura própria, seja com aliados", disse Jonas Paulo. Ele admitiu que, caso o PT opte por construir uma candidatura mais à esquerda, entrega os cargos que têm na prefeitura, onde comanda as secretarias municipais da Saúde, da Reparação e do Desenvolvimento Social. 


Sair da prefeitura 

Essa posição é defendida por prefeituráveis do partido, como o deputado federal Luiz Alberto, secretário da Promoção da Igualdade do governo Wagner, para quem o PT "tem que sair da administração municipal se quiser ter candidato". Sobre o convite para vice na chapa de João Henrique, ele afirmou que "o prefeito tem o direito de fazer a proposta que quiser. Mas a decisão sobre se o partido vai ter candidato próprio, apoiar João Henrique ou participar de uma ampla frente de esquerda cabe às instâncias do PT", declarou. "Eu, particularmente, acho que o partido deve ter candidato próprio. Mesmo porque eu venho me preparando para ser prefeito de Salvador", complementou o secretário.


O ministro da Integração Regional, Geddel Vieira Lima, que se encontra em Fortaleza (CE), disse à reportagem de A TARDE que não soube do encontro entre o prefeito e Jonas Paulo, mas que toda conversa era bem-vinda. "Torço pelo apoio do PT à candidatura de João Henrique, principalmente pelo  protagonismo do partido junto aos governos Wagner e Lula".


Já a presidente do Diretório Municipal do PT em Salvador, Vânia Galvão, disse que não foi informada do encontro entre Jonas e o prefeito, mas considerou normal o convite feito por João Henrique. "Ele tem sinalizado nesse sentido (de oferecer a vice ao PT). Mas tem que fazer um convite formal, porque eu, como presidente do Diretório Municipal, não estou oficialmente sabendo de nada", disse. Segundo ela, agora que o PT conseguiu conciliar as disputas internas, elegendo novos dirigentes, "é hora de serenar os ânimos para iniciar a discussão em torno da sucessão na capital".