A escolha será entre Marcelino Galo x Jonas Paulo
Em Lauro de Freitas, poucos militantes na porta da sede do PT e clima de tranqulidade (Foto/BJ)
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As informações preliminares colhidas pelo BahiaJá até às 17 horas deste domingo, 16, davam conta de que a eleição direta para a escolha do presidente estadual do PT transcorreu com pequenos incidentes em alguns municípios, mas, de uma forma geral foi considerada normal.
Houve uma confusão em Serrinha, onde militantes ligados ao Movimento dos Sem-Terra chegaram a chutar algumas urnas. Em Queimadas, um fiscal do candidato à reeleição Marcelio Gallo afirmou que o local indicado para votação não existe. Em Carinhanha, militantes votaram na lista do segundo turno, acontecido em 16 de dezembro.
Ainda hoje serão iniciadas as apurações e o resultado final deve ser conhecido nesta segunda-feira, 17.
O QUE PENSA
DE MARCELINO
GALO
Entervista no blog A Esperança é Vermelha
Companheiro Marcelino Galo, você pode nos apresentar um breve balanço da sua gestão?
Primeiro, temos que resgatar o momento no qual fomos eleitos para dirigir o PT baiano. Em 2005 estávamos na maior crise da história do partido. Uma concepção dirigente estava consolidando um partido na Bahia e no Brasil como mera correia de transmissão do governo; efetuando acordos políticos e econômicos destoantes com nossa trajetória; e afastando continuamente a base das decisões do partido. Estávamos perdendo nosso respeito na sociedade brasileira e principalmente nossa vitalidade interna. O partido estava apático. Mas um movimento da maioria das tendências internas resolveu reestruturar o partido. No começo tivemos que organizar a "cozinha". As contas estavam atrasadas, o diretório estadual em Salvador, abandonado. Após resolver essas questões, partimos para a defesa do partido na sociedade. A direita estava muito feroz para nos destruir, e conseguimos reanimar a militância na defesa do PT na Bahia.Superado o período crônico, começamos os debates internos para as eleições 2006. Conseguimos unificar partido e militânica em torno da candidatura de Wagner e da necessidade de uma frente envolvendo a maioria dos partidos de oposição no estado. O resultado foi histórico. Wagner foi eleito governador após 20 anos de hegemonia carlista; e conseguimos eleger oito deputados federais e dez estaduais. Reativamos nosso contato com os movimentos sociais, com intelectuais e estudantes; grupos fundamentais que estavam se desligando do PT. Conseguimos levar Martiniano Costa à presidência da CUT, a juventude petista venceu as eleições dos DCE´s da UCSAL, UFBA e UESB, e ainda consolidamos a parceria local com o MST. Outro ponto fundamental tem sido o acompanhamento do partido no interior do estado. Viajamos por todas as regiões, visitando quase a totalidade das cidades e vilarejos onde o PT está presente ou busca se formar em consonância com nosso projeto de sociedade. E ainda criamos setoriais como Educação, GLBTT, Mulheres e Formação Política. Hoje, o PT não é mais um balcão de negócios e vivemos um momento de grande esperança, esperança vermelha, rumo ao socialismo.2) Quais os desafios que se colocam para o PT nacionalmente e na Bahia? Precisamos defender os governos do presidente Lula e do governador Wagner, frente aos ataques da direita. Ambos são projetos de coalizão. Em muitas áreas não temos convergências programáticas e temos que estar atentos a isso. Mesmo em momentos difíceis, como o 2 de Julho, sempre mantivemos nosso apoio ao governo Wagner. Com muita dedicação, conciliamos a autonomia do partido com o apoio aos nossos governos. Tanto que fechamos o 3º Congresso com posições mais a esquerda, como a defesa do socialismo de forma consensual. A nível nacional, precisamos avançar em Reformas como a Agrária e Política. A Reforma Agrária ficou abaixo das expectativas no primeiro mandato de Lula. Já a Reforma Política é um imperativo para superarmos a influência do poder econômico sob as forças políticas. A sociedade e os partidos não agüentam mais tanta degradação ética na classe política. É importante consolidar nos próximos anos nossa relação com os movimentos sociais e demais setores de transformação do status quo. Sem a o acúmulo das lutas populares, o PT pode se tornar um partido como tantos outros existentes. Nossa natureza é de esquerda e de massas. Para isso, é fundamental retornar os espaços de formação do partido. Perdemos o hábito nos últimos anos de aprofundamento e formulação de temais cruciais ao país. Sem essa preocupação, o partido cai no pragmatismo e na burocracia.3) Que recado você gostaria de mandar para os filiados e filiadas que irão votar no PED 2007?Quero dizer que estamos próximos de um momento de transição singular na história do partido. Vamos decidir nesse PED se vamos fortalecer uma caminhada ao lado dos movimentos sociais e nossos compromissos históricos ou rebaixar nossa prática frente ao projeto dos governos. Nesse PED, temos a esperança de consolidar o PT como uma alternativa revolucionária para um país tão desigual como o Brasil. Nesse PED, nossa esperança é vermelha, para construir uma esquerda mais forte para o futuro do maior e mais importante partido do país. Somente a nossa militância, que luta há muitos anos em cada canto desse país, pode construir um PT para petistas, um PT que defenda o socialismo e que possa defender nossas idéias nos governos.