O modelo republicano adotado pelo atual governo da Bahia tem provocado algumas rebeldias na Assembléia Legislativa. Nesta tarde de quarta-feira, 11, três deputados da base do governo (Fábio Santana e Maria Luiza, ambos do PMDB; e Getúlio Ubirtan, do PMN) fizeram críticas ao governo, a deputada sobre o excessivo caixa de R$700 milhões sem uso efetivo de contrapartida à população e os deputados sobre a "insegurança" e a questão salarial envolvendo os delegados e a PM.

  Por se tratar da esposa do prefeito João Henrique (PMDB), a crítica que chamou mais atenção foi da deputada Maria Luiza, a qual, nos bastidores já falava abertamente sobre a falta de apetite de governar do atual chefe do Executivo, e através do deputado João Bacelar (PTN), em plenário, solicitou que falasse sobre os R$700 milhões em caixa e porque o governo não dá um destino a esses recursos, atendendo a população que necessita.

   A crítica da deputada tem sentido, na sua observação, na medida em que Salvador sofreu bastante com as chuvas que caíram recentemente sobre a cidade, um pedido de SOS via estado de emergência e, até agora, o governo não se dispôs a dar um socorro mais efetivo à cidade. A deputada tem dito, nos bastidores, que sua postura na AL é de independência.

   FÁBIO SANTANA

   Já o deputado Fábio Santana (PMDB), cuja base é Itabuna, mas é oriundo dos quadros da PM (é capitão da reserva) disse que estava surpreso e preocupado com os rumos dando conta de que o governo do Estado teria acertado, no breu das tocas, um aumento salarial diferenciado para os delegados de Polícia, em detrimento dos oficiais da PM.

   "Sou a favor das reivindicações dos delegados, mas, não posso aceitar esse tipo de situação", ponderou o deputado afirmando que mudanças na cúpula da SSP não são o necessário e o governador tem que "cumprir com a PM o que prometeu em campanha". Capitão Fábio, que é candidato do PMDB em Itabuna, disse que caso seja efetivado o aumento para delegados numa relação de desigualdade com a PM, "haverá um desestimulo da oficialidade".

   GETÚLIO UBIRATAN

   Mais contundente foi o pronunciamento do deputado Getúlio Ubiratan (PMN), com base eleitoral no Extremo Sul da Bahia onde mantém um programa de rádio na cidade de Teixeira de Freitas. Segundo Ubiratan, quando cheguei a esta Casa não sabia nem onde era "o banheiro", mas "agora sei". Disse que, embora sua mãe more no Rio Grande do Sul e seu irmão no Espírito Santo, se considera baiano, foi eleito pelos baianos e acredita no governo Wagner.

   Mas, "as obras do governo do Estado não estão chegando em nossa região" (Extremo Sul) o que é lamentável. Afirmou, ainda, que respeita muito o secretário da Saúde, Jorge Solla, mas foi o prefeito de "nossa cidade" (Teixeira de Freitas) que construiu uma UTI no município. Por fim, em discurso demorado (25 minutos), Ubiratan ressaltou que a insegurança é enorme no Extremo Sul "região que está com as portas abertas para a bandidagem que vem do Espírito Santo e do Rio de Janeiro".