Matéria de Gabriel Noronha
Aparições do prefeito João Henrique Barradas Carneiro (PMDB) em duas peças de propaganda institucional da Prefeitura de Salvador estão sendo alvo de severas críticas por parte dos pré-candidatos de oposição ao Palácio Thomé de Souza, sede do governo municipal.
As primeiras peças publicitárias do chefe do executivo da capital baiana foram exibidas durante as semanas de natal e Réveillon, em dezembro de 2007, quando João Henrique desejou boas festas aos soteropolitanos. Este mês, o prefeito voltou à mídia para destacar a organização e realização do carnaval soteropolitano.
No último ano, os gastos da prefeitura de Salvador com publicidade cresceram 54%. Segundo levantamento parcial do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), a administração municipal destinou R$ 20,3 milhões para campanhas publicitárias em 2007, contra R$ 13,2 milhões aplicados no ano anterior.
O deputado federal ACM Neto, líder do Democratas na Câmara Federal, chamou a atitude do governante é irresponsável e eleitoreira. "O prefeito está usando o dinheiro público para se promover, pois é proibida por lei a aparição do governante em propaganda institucional", acusou. "Isso é campanha [eleitoral] antecipada".
O ex-prefeito e também pré-candidato Antonio Imbassahy (PSDB) classificou como uma farra com dinheiro público os gastos da prefeitura da capital baiana com propaganda. O tucano argumenta que na sua gestão (1997-2005) o orçamento com a publicidade oficial foi de R$ 10 milhões anuais. "Mantivemos os mesmos gastos do governo de Lídice da Mata (PSB), pois achamos que não é a propaganda que move a administração pública e sim as ações nas áreas prioritárias para a população".
O vereador Celso Cotrim (PSB), outro que reclamou, denunciou que a prefeitura está devendo o aluguel de vários imóveis em toda a cidade. Segundo o parlamentar, um posto de saúde foi fechado em um bairro do subúrbio ferroviário.
A reportagem do
UOL tentou ouvir o prefeito João Henrique, mas ele não foi encontrado para comentar as acusações. No entanto, o secretário municipal de Comunicação, André Curvello defendeu a necessidade dos comerciais veiculados pela prefeitura nas emissoras de rádio, TV e jornais. "Nessa época de carnaval há uma gama de serviços ofertados pela prefeitura e todos eles têm que ser divulgados para a orientar a população".
Mal estar
As sucessivas estratégias de exposição do governante causaram mal estar até no Palácio Thomé de Souza. No início do ano, o coordenador de marketing da prefeitura, Mauricio Carvalho, pediu a troca do comando da Secretaria Municipal de Comunicação, pasta então comandada por Vitor Hugo Soares, que efetivamente foi demitido em janeiro. "O marketing queria pautar a Secom", disse à reportagem do UOL um funcionário da pasta que pediu para não ser identificado.
O ex-secretário disse que entregou o cargo, pois, na ocasião de sua contratação, "foi convidado para ter autonomia profissional e administrativa, o que não vinha ocorrendo na prática".
Vitor Hugo Soares foi substituído por André Curvello, o quarto a assumir a Secom na gestão João Henrique. Além deles, ocuparam a secretaria os jornalistas Jair Mendonça e Simone Souto Maior. (Por Gabriel Noronha, especial para UOL)