O fato de ter havido muitos saques com os cartões corporativos não significa, em si, indício de irregularidade. Segundo explicações do Ministério do Planejamento, muitos servidores são obrigados a sacar porque certos pagamentos são feitos a fornecedores que não aceitam cartões.
Mas alguns detalhes chamam atenção sobre as retiradas em espécie do feitas pela equipe de gabinete do almirante Moura Neto. Um deles é a elevada quantidade de cartões no gabinete, pois titulares de outros órgãos, como ministros, possuem poucos ou nenhum cartão para despesas.
A assessoria do próprio ministro da Defesa, Nelson Jobim, por exemplo, não usou nenhum dos três cartões que ganhou em 2007.
Além disso, absolutamente todos os débitos nas contas dos 14 cartões do gabinete do almirante foram realizados por meio de saques. Nos levantamentos apresentados pelo Ministério do Planejamento sobre os cartões governamentais, a média de retiradas é de 75% do total de gastos, mas os assessores de Moura Neto alcançaram percentual de 100%, mesmo com o gabinete sediado na capital federal - e não em localidades do interior onde é restrita a disponibilidade de estabelecimentos comerciais com máquinas para cartão de crédito.