Os cartões de crédito corporativos do governo federal podem deixar de ser utilizados pelos ministros. Reportagem publicada na Folha de SP informa que o governo anunciou ontem que os ministros de Estado não poderão usar mais esse mecanismo para pagar suas despesas.
Paralelamente, a oposição iniciou uma campanha para colher assinaturas para a instauração de uma CPI mista, reunindo deputados e senadores, no Congresso para investigar o uso dos cartões.
A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) afirmou ontem que a suspensão da autorização dos cartões para os ministros obedeceria o que ela chamou de "princípio da impessoalidade". Segundo a ministra, aquele que autoriza, no caso o ministro, não poderia ser o responsável direto pelo cartão, que ficaria com um funcionário designado pelo chefe da pasta.
Para Dilma, é importante reavaliar a autorização do uso de cartões pelos ministros a partir do que ocorreu com o ministro Orlando Silva (Esporte) --que gastou R$ 8,30 no cartão para pagar uma tapioca em Brasília. Segundo ela, o cartão corporativo não pode ser utilizado para despesas pessoais.
Antecipando-se à decisão do governo, o ministro Hélio Costa (Comunicações) abriu mão do uso de seu cartão. Já o ministro José Múcio Monteiro (Relações Institucionais) disse que sua pasta não fornecia cartões para ele nem para assessores, portanto, não teria como utilizá-los.
A suspeita sobre o uso abusivo de cartões corporativos levou a ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) a pedir demissão na última semana. Ela teria gasto R$ 171 mil no cartão corporativo. Já Orlando Silva informou que devolverá os R$ 30 mil que teria utilizado no cartão.
CPI
Ontem, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), protocolou pedido de abertura de uma CPI para que somente a Casa investigue a utilização dos cartões. No entanto, a oposição quer a apuração seja feita também por deputados.
Juntos, DEM, PSDB, PSB, PV e PSOL designaram parlamentares que serão os responsáveis por obter o maior número possível de assinaturas para a instauração de uma CPI mista.
Para a instauração de uma CPI mista são necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores. A idéia dos oposicionistas é fechar os números até segunda-feira, quando os partidos farão reuniões.
"A iniciativa do governo não muda em nada a nossa intenção de investigar os cartões.
O objetivo é aprofundar as investigações e garantir a participação da Câmara nas apurações", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) --autor do requerimento da CPI mista.
Em busca de apoio pela CPI mista, os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino Maia (DEM-RN), ambos líderes de seus partidos no Senado, encabeçam a campanha por assinaturas na Casa. Na Câmara, os deputados Chico Alencar (PSOL-RJ), Luiz Erundina (PSB-SP), Júlio Delgado (PSB-MG), Raul Jungmann (PPS-PE) e Fernando Gabeira (PV-RJ) foram incumbidos de colher assinaturas.