Prefeito perdeu a dimensão da cidade do Salvador
O discurso do prefeito João Henrique (PMDB) na abertura dos trabalhos legislativos da Câmara de Salvador, nesta sexta-feira, virou peça de chacota. Entre os pérolas no balanço que fez sobre realizações, em 2007, estão relacionadas 332 mil metros quadrados de pinturas de meios-fios e guarda-corpos, um terceiro vagão de trem para o subúrbio ferroviário e revitalização das barracas de praias da orla atlântica.
O prefeito fez críticas indiretas a seu antecessor, Antonio Imbassahy, relacionou feitos com a ajuda decisiva do governo federal (caso do SAMU) como sendo seus, e até falou que a Prefeitura "revitalizou a Rua Chile, o Comércio e a Península de Itapagipe".
Para Imbassahy, com um rol de realizações dessa natureza está explicado, mais uma vez, porque o atual prefeito foi considerado pelo DataFolha como o pior do Brasil, entre as cidades pesquisadas.
João Henrique chegou ao nonsense de situar que vai convidar o governador Jaques Wagner e o presidente Lula da Silva para viajarem no tal terceiro vagão da composição do trem do subúrbio. A rigor, na opinião do vereador Paulo Câmara (PSDB), o prefeito perdeu a noção do bom senso e "está se tornando uma espécie de Odorico Paraguaçu em nova versão".
O prefeito destacou ainda em sua mensagem, sem que os vereadores presentes a sessão entendessem nada, que para o Instituto da Previdência do Servidor está buscando o "restabelecimento do diálogo com os servidores". Comentou, ainda, que Salvador passou a ser "uma cidade internacional e deixou de ser um ponto escondido no Nordeste".
LEGISLATURA
Além do prefeito, secretários municipais, vereadores e outras autoridades participaram da solenidade de abertura dos trabalhos do quarto período da 15ª legislatura na Câmara Municipal.
A leitura da mensagem feita pelo prefeito foi marcada por retrospectiva dos feitos da prefeitura nos três anos de mandato e as principais metas para o ano de 2008.
A requalificação das barracas de praia, a revitalização da Rua Chile, do Comércio, da Península Itapagipana, além da implantação da SAMU foram considerados, pelo prefeito, pontos positivos da sua gestão.
"Acho que a história de Salvador pode ser dividida em A.S. (antes da Samu) e D.S. (depois da Samu). Continuarei trabalhando ao longo desse ano, quebrando paradigmas e estimulando a economia e a geração de emprego nessa cidade que já foi a campeã de desemprego entre as capitais brasileiras", afirmou.
O vereador Paulo Magalhães Júnior (DEM), disse que ficou decepcionado com a mensagem. "Parecia o prefeito de outra cidade falando, porque João vive em um mundo paralelo que não é a realidade de Salvador. Uma mensagem confusa, que misturou saúde com habitação, e em vez de citar os novos projetos da prefeitura, se preocupou mais com o passado e divulgou obras que esse governo nem realizou".
O democrata disse também que João Henrique decidiu fazer um corte de 30% nas despesas municipais, porque já estaria com uma dívida acumulada de R$ 200 milhões, numa demonstração de que a prefeitura gasta mal. (Repórter - Marivaldo Filho)