Conforme anunciado por este Bahia Já o PT de Feira está rachado quase ao meio com a vitória do deputado federal Sérgio Carneiro sobre o deputado estadual Zé Neto durantes as prévias da escolha do candidato a prefeito, vencidas por Carneiro. O advogado Emanoel Jospe Reis de Almeida entrou com uma representação no diretório do PT de Feira contra atos que teriam sido praticados por Carneiro e sua troupe, prováveis compras de votos e outros.
Em entrevista ao Blog da Feira (que transcrevemos na íntegra, abaixo) Carneiro "há um mal entendido em relação a esse assunto. Pessoas de fora do PT e até de Feira, existiram dos dois lados. Não houve nenhum desvio ético, nem moral".
Blog da Feira: O deputado Zé Neto era considerado favorito, porém, o senhor virou o jogo e venceu as prévias do PT. A que atribui sua vitória?
Sérgio Carneiro: Só surpreendi quem considerou que ele fosse favorito, pois os que acreditavam em mim desde o início, achavam que eu poderia vencer. Na verdade, a maioria do partido fez a opção por uma alternativa nova, uma vez que o Neto já teve duas oportunidades anteriores. Pode ser que no futuro ele volte a ser candidato do partido novamente. O que o senhor acha do movimento dos militantes que o acusam de compra de voto e de envolver pessoas de fora do PT na prévia? Há um mal entendido com relação a este assunto. No momento, estou conversando com o Carlos Marques Neri que tomou a iniciativa de me ligar para esclarecer sua movimentação. Em primeiro lugar, ele deixa claro que não age por inspiração do Zé Neto. Segundo, que não gostou da presença de algumas pessoas que têm um histórico contra o PT. Falei com ele que para ganhar, precisaremos de pessoas que nunca votaram no partido, daí a necessidade de se acostumar com elas na nossa campanha. A conversa foi longa. Acho que estou acalmando as coisas. Não pode haver denúncia nenhuma, pois não teria consistência, uma vez que fiz tudo de acordo com as regras estatutárias e as leis vigentes no país. Pessoas de fora do PT e até de Feira, existiram dos dois lados. Não houve nenhum desvio ético, nem moral. Nada temo e conclamo a todos a se unirem em torno do nosso projeto de inaugurar o primeiro governo petista em Feira de Santana. Creio que o assunto está superado.
A que ou a quem o senhor confere os boatos de uma aproximação sua com o prefeito José Ronaldo? Existe alguma chance de aliança entre PT e DEM?
Os boatos fazem parte da vida e da política. Contudo, estes carecem até de lógica, pois, uma vez que não participei dos governos do Ronaldo, não acho razoável que ele fizesse uma opção por mim em detrimento dos companheiros que lhe foram solidários durante todo este tempo. O que é verdade é que ele herdou o eleitorado tradicional do João Durval, enquanto eu desenvolvia uma personalidade política própria. E nesse eleitorado eu tenho penetração, relações pessoais e de amizade. Sob este aspecto, isso é bom para o PT, já que podemos deslocar parte desse eleitorado que nunca votou no PT para Prefeitura, para fazê-lo pela primeira vez. O deputado Colbert Martins disse em entrevista ao Blog da Feira que vai defender a união das oposições em Feira e que é pré-candidato do PMDB a prefeitura de Feira. O senhor acredita em uma união das oposições?
O PT deliberou em Encontro Municipal, por unanimidade, ter candidato próprio. Assim, conversa sobre unidade teria que levar em consideração este dado. Quando nós da centro esquerda falamos em unidade, temos sempre presente as eleições de Waldir Pires e, agora, a do Wagner. Contudo, em eleições municipais com dois turnos, a história registra que o nosso campo político só chegou à vitória no segundo turno, senão vejamos: 1992 - João Durval e Lídice da Mata vencem em Feira de Santana e Salvador, respectivamente, no segundo turno; 1996 - Enquanto José Falcão só chegava à Prefeitura com o apoio dos grupos do João Durval e do Colbert no segundo turno, Imbassahy vencia no primeiro turno em Salvador; 2000 - Imbassahy se reelege no primeiro turno em Salvador e Ronaldo vence em Feira, também no primeiro turno; 2004 - Ronaldo se reelege no primeiro turno e João Henrique só chega à vitória no segundo turno. Assim sendo, a realização de um segundo turno não se constitui em nenhuma tragédia para nós. Se tiver unidade, bom. Se não tiver, pode ser que a história se repita. No início de 2007 o deputado estadual Fernando Torres revelou em entrevista a rádios e jornais da cidade que o apoiaria caso fosse candidato a prefeito de Feira, mas ao que parece mudou de idéia e pretende sair candidato também. Qual o motivo desta aliança não ter tido seguimento?
Conversei com o Fernando recentemente, depois das prévias, e ele não me falou da mudança de posição. Nós somos amigos, nossas esposas se dão muito bem, fui colega do seu pai, Osmar Torres na Assembléia, fizemos campanhas de deputados juntos em 2006 e acredito que permaneceremos juntos mais uma vez. Como ele tem responsabilidades com o partido dele e com as pessoas que o acompanham, é óbvio que teremos que conversar levando em consideração estes aspectos. Nunca perdi uma eleição com o Fernando participando da campanha. Nas que perdi, ele não participou. Embora não seja supersticioso, é uma coincidência. O prefeito José Ronaldo ainda não definiu quem irá apoiar na próxima eleição. Quem o senhor prefere ter como adversário na campanha. Fernando de Fabinho ou Tarcízio Pimenta?
Time que quer ganhar campeonato não escolhe adversário. Facções do PMDB comemoraram sua escolha pelo PT, pois consideravam Zé Neto mais "perigoso" para o partido. O partido liderado por Geddel o qual é filiado o seu irmão prefeito de Salvador João Henrique está menosprezando sua força em Feira?
Também ouvi sobre preferências quanto à candidatura do Zé Neto. Acho que o PMDB deve cuidar da defesa das suas posições e o PT das dele. Não acredito em menosprezo por parte de políticos experientes, pois a vida está sempre nos pregando algumas surpresas. No final das contas, acho que estaremos juntos no governo de Feira a partir de 2009. É boato ou é verdade que o famoso publicitário Duda Mendonça poderá vir a ser um dos coordenadores da sua campanha?
Parece que os boatos andam me rondando. O Duda é meu amigo pessoal e, por conta disso, estamos sempre conversando. É óbvio que quando a conversa gira em torno de Feira presto atenção a tudo que ele fala. Pelo excelente profissional que ele é, qualquer ajuda que pudesse me dar seria bem vinda. Passada a euforia da vitória na prévia, o que Sérgio Barradas Carneiro pensa para Feira de Santana caso saia vitorioso na eleição de outubro?
Tenho muitas idéias para Feira. Óbvio que devo submetê-las ao crivo do partido e de especialistas antes de afirmá-las como compromissos. Contudo, poderia resumi-las assim: - Micareta: Acho que devemos discutir a conveniência de antecipá-la para uma semana antes do carnaval de Salvador, numa tentativa de atrair os turistas estrangeiros e nacionais (de locais que não tem carnaval - Brasília, Florianópolis, Mato Grosso, Espírito Santo etc). É um período de férias escolares e de trabalho, diferentemente do mês de abril. As pessoas poderão tirar 15 dias de férias na Bahia, sendo uma semana em Feira e outra em Salvador. Teríamos um slogan, mais ou menos assim: "O carnaval da Bahia agora tem 15 dias. Começa em Feira e termina em Salvador". Poderíamos nos apropriar de tudo o que o carnaval de Salvador representa internacionalmente.
- Educação: Precisamos repensar a nossa educação, pois a escola nos prepara para o mercado de trabalho. Acontece que o mercado do século passado, voltado para uma sociedade de massa, está deixando de existir. Hoje em dia, as pessoas podem trabalhar em casa e por produção, sem horário determinado. Caminhamos para uma sociedade onde as pessoas vão prestar serviços umas para outras e o emprego formal, com carteira assinada, tende a diminuir. Precisamos repensar portanto, o nosso sistema educacional. Não tenho receita pronta. Acho que o melhor é passar o ano de 2009 discutindo com técnicos do Ministério da Educação, da Secretária de Educação do Estado e as melhores cabeças da nossa cidade para encontrarmos algo que favoreça as nossas crianças no futuro. Entretanto, tenho claro que o ensino de inglês e espanhol se constitui em ferramenta indispensável no mercado de trabalho atual. E as crianças aprendem uma língua estrangeira com mais facilidade que os adultos. Ainda na educação, precisamos aproveitar o Programa Brasil Alfabetizado do Governo Federal e reduzir drasticamente o analfabetismo entre os adultos em Feira. Onde e quando for possível, deveremos ter escolas em regime de tempo integral.
- Saúde: O Sistema Único de Saúde tem que ser adaptado para o envelhecimento da nossa população. Nos próximos 40 anos, a expectativa de vida do nosso povo vai subir de 73 anos para 81 anos. O Sistema não pode desconhecer esta realidade. Não construirei nenhum posto de saúde novo enquanto os atuais não estiverem funcionando a contento. Saúde é um direito previsto na nossa Constituição e como tal deve ser tratado.
- Lago de Pedra do Cavalo: Penso que o Poder Público deve liderar a ocupação daquela área apontando para a iniciativa privada a possibilidade da construção de hotéis, marinas, atracadouros, áreas de lazer e entretenimento (tão carentes em Feira), bares e restaurantes, a exemplo do que existe no Lago Paranoá em Brasília, na Baía de Todos os Santos em Salvador, na Pampulha em Belo Horizonte e em Puerto Madero em Buenos Aires. Além do lazer, teremos geração de renda e emprego.
- BR-324/Aeroporto: Esta área se constitui no vetor natural de crescimento de Feira de Santana. É preciso que o Poder Público se antecipe a ocupação desordenada e especulativa da iniciativa privada, evitando o fechamento dos traçados de tráfego, aterramento de lagoas e desmatamento criminoso. Tem uma nova cidade para surgir ali.
- Rodoviária: Uma nova rodoviária deve ser construída neste vetor natural de crescimento, através de uma licitação que faça com que a iniciativa privada compre o terreno, construa o prédio e o explore por um período de anos sob o regime de concessão para se ressarcir do investimento, sem que seja necessário usar dinheiro público.
- Trânsito: Necessário se faz um plano diretor do sistema de tráfego da cidade priorizando o pedestre, o ciclista, o transporte coletivo e, por fim, o veículo individual. Feira, com os seus quarteirões e ruas largas, pode ter sentido de mão única, pista exclusiva de ônibus, ciclovias e estacionamento apenas de um lado na vertical.
- Desemprego: Embora o Presidente Lula tenha gerado mais de 5 milhões de empregos com carteiras assinadas, este tipo de emprego tende a diminuir a cada dia. Necessário se faz aproveitar a grande oferta de crédito proporcionada pelo Governo Federal através de vários programas presentes no Banco do Nordeste, Banco do Brasil e Caixa Econômica, para, em parceira com a Prefeitura, o Sesi, o Senai, o Sebrae, Fundação Airton Sena, Fundação Bradesco e todas entidades desse tipo, qualificar a mão de obra na nossa terra. Muitas vezes o emprego existe, mas não tem o profissional qualificado. Por outro lado, é possível qualificar as pessoas para, através dessas linhas de crédito, abrir o seu próprio negócio.
- Segurança: Embora seja responsabilidade do Estado, a Prefeitura pode ajudar com um bom sistema de iluminação pública, guarda municipal liberando policiais treinados para não ficarem fazendo guarda de prédios públicos e sistema de câmeras em ônibus e locais estatisticamente perigosos.
- Fluminense de Feira: É um grande patrimônio da cidade e como tal precisa ser tratado. Não vou me alongar neste item, por conta do surgimento do Feirense.
- Espaço Institucional para Política Públicas de raça e gênero: Necessário se faz a criação de um espaço na Prefeitura para a discussão institucional de questões ligadas à raça e gênero. Os governos Wagner e Lula já dispõem desses espaços. Feira precisa ter também.
- Potencialização de todos os programas federais e estaduais: A prefeitura deve desdobrar, verticalizar e potencializar todos os programas possíveis dos governos estadual e federal. Assim, podemos racionalizar recursos e atender melhor as pessoas. Fazer banco de projetos para buscar recursos em todos os níveis de governo e instituições que apliquem recursos em programas sociais.
- Cultura: Programas para a revelação e apoio de novos talentos em todos os segmentos das artes. No passado, ajudei a EARTE e fui homenageado por isso. Trouxe o Projeto Pixinguinha para Feira e levei todos os nossos artistas, à época, para a Feira Baiana dos Municípios. Vou me reunir com a classe artística de Feira, a fim de traçarmos os rumos para os próximos 4 anos.
- Programa Adote uma Praça: é necessário que as nossas praças tenham espaços publicitários que possam ser negociados com empresas privadas em troca da conservação e manutenção das mesmas. Isso diminuirá as despesas com o dinheiro público que poderá ser maximizado em outras áreas.A prefeitura poderá licitar por lotes uma vez que algumas praças são mais interessantes que outras.
- Sinalização Vertical e horizontal da cidade: Placas indicativas com nomes de ruas, bairros e instituições podem ser licitadas com espaço publicitário para anunciantes. Feira está carente desta sinalização, sobretudo porque é uma cidade de passagem para muitos, o maior entroncamento rodoviário do Norte/Nordeste.
- Centro Administrativo: Embora muitos tenham tentado e até agora não tenham conseguido, o que indica que não é obra fácil de se fazer, acho que devemos perseguir a possibilidade da construção de um Centro Administrativo para Feira, no espaço entre a BR-324 e o aeroporto. O atual prédio, recentemente reformado, deve servir para uma biblioteca pública de excelente qualidade e ser sempre preservado como patrimônio cultural e arquitetônico da nossa cidade.
- Aeroporto: Quando vamos para São Paulo, usamos o aeroporto de Guarulhos, cidade distante há uma hora de São Paulo. O mesmo acontece quando vamos para Belo Horizonte e usamos o aeroporto de Cofins, município distante 50 minutos da capital. Estes exemplos neutralizam os argumentos até aqui utilizados sobre a proximidade de Feira de Santana e Salvador para inviabilizar qualquer possibilidade do nosso aeroporto ingressar no tráfego aéreo nacional.
- Participar com o Governos Estadual e Federal da ampliação do sistema de esgotamento sanitário do município: Atualmente existem sistemas de esgotamento sanitário específicos para determinados empreendimentos. São sistemas individuais, não interligados ao sistema geral. É possível licenciar condomínios, edifícios, hotéis etc mediante a construção de tais sistemas. O Governo Estadual tem previsão de avançar bastante neste setor nos próximos anos. Feira só tem ganhar com isso.
Essas são apenas algumas idéias. Certamente que no curso da campanha muitas outras surgirão e serão aproveitadas. O PT e os partidos coligados deverão discutir e aprovar o programa final com o qual nos apresentaremos na campanha. As idéias expostas acima serão por mim apresentadas para o debate e apreciação de todos os participantes da nossa campanha. Aquilo que for aprovado será apresentado como programa de Governo.
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