Política

MOVIMENTOS NEGROS AMPLIAM DENÚNCIAS CONTRA SECRETÁRIA MURICY NO MP

As entidades protocolaram a denúncia no MPE
| 09/01/2008 às 13:27
  Se o caso envolvendo a secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado, Marília Muricy, e o advogado Sérgio São Bernardo, ex-diretor do Procon, servidor público do Estado e integrante da coordenação da campanha do governador Jaques Wagner, já era grave - conforme posto neste site há algumas semanas - agora ficou mais grave ainda com a ampliação das denúnicas contra a secretária formuladas por 25 representantes de entidades do movimento negro e protocoladas no Ministério Público Estadual.

   É o caso mais complicado para as Relações Institucionais do Governo sobretudo porque as razões apresentadas pela secretária para justificar a demissão de Sérgio São Bernardo não convenceram as entidades do movimento negro e nem tampouco se mostraram à imprensa de uma forma geral e à opinião pública, como relevantes para uma atitude daquela natureza.

   Daí que os representantes das entidades que compareceram ao MP além de referendar as denúnicas postas por Sérgio São Bernardo "de racismo institucional e assédio moral" se ampliaram para o âmbito de omissão da secretária em relação as questões de direitos humanos, citados os casos do assassinato de Edvandro Pereira, aspirante e marinheiro morto no ano passado por policiais militares e o sequestro de moradores da localidade de Maracangalha.

   Obviamente que os respingos chegaram ao governo Wagner bem explícitos nas palavras do diretor do MNU, Hamilton Borges, quando situa que "A secretária fracassou e levará todo o governo estadual ao fracasso total se não mudar suas relações raciais no interior de sua gestão".

   E mais disse Borges: "Não permitiremos que práticas racistas e autoritárias contraproducentes à política de governo, que se diz democrática e participativa, humilhem ou persigam qualquer um dos nossos".

   O OUTRO
   LADO

  A secretária Marília Muricy também protocolou processo criminal contra o advogado Sérgio São Bernardo para apurar a prática de injúria, difamação e calúnia por conta das acusações de racismo, através do advogado Fernando Santana, junto ao Ministério Público.

   Em declarações à imprensa, anteriormente, a secretária havia dito que a ação seria representada pela Procuradoria Geral do Estado (PGE).

   O GOVERNO
   COMO INSTITUIÇÃO

   No âmbito do governo ninguém fala sobre este assunto. O secretário das Relações Institucionais, Rui Costa, acompanha o caso, mas, não emitiu uma opinião em nome do governo.

   Embora citada diversas vezes pela secretária a Procuradoria Geral do Estado também nada comentou.


   O secretário da Reparação, Luís Alberto, ensaiou um retorno de Sérgio São Bernardo a um cargo no Estado, porém, como a questão é mais ampla, não apenas de reparar danos causados à imagem do advogado, mas como resultados coletivos que beneficiem a comunidade negra de uma forma geral, Luis também acompanha o caso dentro desse contexto.

   O deputado Yulo Oiticica, a quem é ligado São Bernardo, e o secretário Walmir Assunção, da Pobreza, já fizeram uma reunião no gabinte de Yulo com o advogado.

   O GOVERNADOR

   O governador Jaques Wagner acompanha o desenrolar dos acontecimentos certamente esperando que haja uma solução consensual entre as partes.

   Mas, da forma como estão se dando os encaminhamentos, ambos na Justiça, a tendência é de levar a questão para o campo jurídico.

   Esse, sem dúvida, é o caso mais complicado do governo Wagner.