O deputado José Carlos Aleluia (Democratas-BA), especialista em infra-estrutura e ex-presidente da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco - Chesf, cobrou nesta sexta-feira do governo Luiz Inácio Lula da Silva que assuma a responsabilidade pela crise energética que atinge o Brasil.

   - O governo deveria parar de jogar para a torcida, esquecer a megalomania e alertar a população de que é necessário economizar energia elétrica, já. O apagão está cada vez mais próximo. Lula torce para São Pedro, porque não fez o dever de casa, aumentar a oferta de energia elétrica", adverte.

   Embora o sistema seja interligado, Aleluia diz que o fato de o reservatório de Sobradinho, na Bahia, o maior do País, manter hoje apenas 13% de sua capacidade é sintomático. "A chuva até agora não reabasteceu os reservatórios brasileiros, as térmicas estão sendo acionadas (Lula está sujando a matriz energética) e o apagão a essa altura parece irreversível", critica.
 
  SEM OBRAS

  Durante todo o primeiro mandato do governo Lula, segundo Aleluia, nenhuma obra nova de geração foi iniciada. Ainda assim, o país contava com ligeira sobra de energia elétrica. A potência instalada no parque gerador brasileiro é da ordem de 96 mil megawatts, com condições de suprir uma carga de 56 mil MW médios.

  O consumo atual é de aproximadamente 48 mil MW médios. Sobram 8 mil MW médios. "Se o Brasil crescesse 5% do PIB ao ano, como discursa o presidente Lula, e considerando uma elasticidade de 1,2%, teríamos um crescimento do consumo de energia elétrica da ordem de 6% ao ano" observa Aleluia.
 
   Ao final de 2007, seguindo o desejo de Lula, prossegue Aleluia, o consumo seria de 48 mil x 1,06 = 50.880 MW médios; de 2008, o consumo seria de 50.888 x 1,06 = 53.933 MW médios; de 2009, de 53.933 x 1,06 = 57.169 MW médios; e, de 2010, o consumo seria de 57.169 x 1,06 = 60.599 MW médios.

  Como não há previsão de entrada em operação de fontes significativas de geração de energia elétrica antes de 2010, nota Aleluia, restará ao Brasil o dilema: continuar crescendo como o Haiti ou caminhar para um apagão de verdade, com falta real de energia elétrica, e não racionamento, como em 2001. "É preciso mobilizar de imediato a sociedade para a aplicação de medidas que evitem que o país entre em um caos nunca antes vivenciado", insiste Aleluia.