Política

TRAGÉDIA NA FONTE NOVA: OPOSIÇÃO FECHA QUESTÃO COM CPI NA ASSEMBLÉIA

Segundo os deputados, o governador está mal assessorado
| 30/11/2007 às 17:17
  A Bancada de Oposição na Assembléia Legislativa deve fechar questão favorável à proposta do deputado João Carlos Bacelar (PTN) de instalar, na Casa, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as causas e responsáveis pela tragédia no último domingo no Estádio Otávio Mangabeira.

Além disso, a bancada deve acatar sugestão do parlamentar de ingresso no Ministério Público do Estado da Bahia (MPE) com uma ação civil pública por improbidade administrativa e crime de responsabilidade contra o governador Jaques Wagner.

Bacelar tomou a iniciativa de propor a instalação da CPI e da ação no MPE como base as declarações do governador Jaques Wagner no programa "Conversa com o governador" do último dia 30 de outubro, quando afirmou que o Estado investiu R$3,5 milhões na reforma do estádio para abrigar os jogos da Série C, bem como as declarações do diretor de Operações da Superintendência de Desportos da Bahia (Sudesb), Nilo dos Santos Júnior, que chegou a solicitar a interdição do Estádio Otávio Mangabeira no início do ano ao superintendente Raimundo Tavares da Silva, o Bobô, devido à precariedade estrutural e a ameaça a vida dos freqüentadores locais. Bobô nega ter recebido qualquer relatório.

De acordo com o líder do Democratas na Assembléia Legislativa, deputado Heraldo Rocha (DEM), diante das mortes e das declarações de investimentos públicos para a recuperação do Estádio da Fonte Nova, a Assembléia não pode ficar omissa. "O governador assegurou que foram feitos investimentos da ordem de R$3,5 milhões no estádio e parte dele desabou. Enquanto isso, no site Transparência Bahia há a informação de que o estado gastou cerca de R$50 mil nas obras. As informações estão completamente desencontradas. Se houve recuperação, porque o desabamento? Quanto realmente foi investido? Onde foram empregados esses R$3,5 milhões? Precisamos investigar e dar uma resposta à sociedade até porque houve mortes", afirmou Rocha.

INFORMAÇÕES
DESENCONTRADAS

Para o também democrata Tarcízio Pimenta, a CPI deve existir e com o apoio da base de sustentação do governo Wagner na Casa. "As informações acerca da situação do estádio estão desencontradas. Técnicos da Sudesb (Superintendência de Desportos da Bahia) alegam que haviam alertado o superintendente sobre a situação do estádio e ele nega.

Ocorreu a tragédia e ninguém assume a responsabilidade. O Estado joga a culpa para o Bahia, o Bahia para a Confederação Brasileira de Futebol, que a devolve ao Estado. Alguém precisa assumir a responsabilidade pelas mortes que ocorreram. Aliado a isso, o governador afirmou que investiu R$3,5 milhões na recuperação do estádio. Foi o governador quem afirmou, está lá, gravado, enquanto o site Transparência Bahia informa gastos de pouco mais de R$50 mil nas obras da Fonte Nova. Criou-se, então, um impasse, uma situação desagradável que precisa ser esclarecida, pois envolve recursos públicos", defendeu Pimenta. 

Mais enfático, o deputado Sandro Régis (PR) defendeu a instalação da CPI com o objetivo de por fim ao governo de marketing de Jaques Wagner. "Os próprios fatos desmontaram o marketing do governador. Ele próprio desmentiu sua propaganda ao afirmar que investiu R$3,5 milhões na Fonte Nova e parte da arquibancada desabou, havendo a catástrofe com sete mortos e dezenas de feridos. Enquanto isso, o Transparência Bahia mostra que nem R$60 mil foram gastos em reparos no estádio e sete pessoas morreram.

MAL
ASSESSORADO

Para Bacelar, o governador ainda mostra-se desinformado ou mal assessorado ao desconhecer laudos elaborados por técnicos da própria Sudesb, órgão do estado, indicando para a necessidade da interdição da Fonte Nova. "São técnicos do estado que informam da precariedade do estádio e que já assumiram isso publicamente e também no Ministério Público, que investiga o caso.

Agora, o governador afirma que teve conhecimento dos laudos e que tratavam apenas de banheiros inadequados, de bares e necessidade de rotas de escape e de parte do concreto que estava caindo? Ai está o risco, que resultou no desabamento de parte da arquibancada. E o governador, como engenheiro, deveria saber dos riscos estruturais que esse 'concreto caindo' representa. Portanto, temos que aprofundar as investigações e pelo que tudo que estamos vendo e apontar responsáveis. E nosso trabalho como parlamentar, como agentes políticos é fazer uma investigação política, através de uma CPI", enfatizou Bacelar.