O deputado João Carlos Bacelar (PTN) vai propor, na reunião da bancada de oposição, segunda-feira, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar responsabilidades no âmbito do Governo do Estado, diante dos novos fatos relacionados à tragédia da Fonte Nova.
 
  Além disso, vai sugerir que o bloco ingresso no Ministério Público do Estado da Bahia (MPE) com uma ação civil pública por improbidade administrativa e crime de responsabilidade contra o governador Jaques Wagner. 

  Bacelar tomou como base as declarações do governador Wagner no programa "Conversa com o governador" do último dia 30 de outubro, quando admitiu que o Estado investiu R$3,5 milhões na reforma do estádio para abrigar os jogos da Série C, bem como as declarações do diretor de Operações da Sudesb, Nilo dos Santos Jr., que chegou a solicitar a interdição do do meso estádio no início do ano ao superintendente Raimundo Tavares da Silva, o Bobô, devido à precariedade estrutural e a ameaça a vida dos freqüentadores locais. Bobô nega ter recebido qualquer relatório.

  "Se o Governo do Estado investiu R$3,5 milhões no estádio, porque ele está neste estágio avançado de degradação? Em que obras essa verba foi investida? Porque se permitiu o uso do anel superior, que havia sido interditado na gestão passada, sem que as obras de recuperação fossem realizadas? Se houve restauração, porque ocorreu o acidente? Porque ninguém tomou conhecimento dos relatórios dando conta da degradação da Fonte Nova? Se foi feita a restauração, porque agora querem implodir o estádio? Essa é a melhor alternativa? Se pretendiam implodi-lo, porque investir R$3,5 milhões para recuperá-lo?

  Essas são algumas questões que precisamos esclarecer, afinal, além do uso do dinheiro público, sete vidas foram pedidas num momento trágico do esporte baiano", enfatizou Bacelar.

  O deputado ficou surpreso com as declarações do governador Jaques Wagner, reveladas hoje na coluna "Informe JB", de Tales Faria e Weiller Diniz.

  Veja declarações: "Eu acho que esses baianos merecem esse presente. Nunca houve uma eliminatória da Copa do Mundo da Seleção Brasileira em Salvador, no Estádio Fonte Nova. Nós estamos investindo R$3,5 milhões. Já reformamos a Fonte Nova. Ela só podia ser ocupada em 25%, hoje já tem 100% de ocupação. Hoje nós estamos fazendo a revisão dos vestiários, banheiros e tribuna de honra, portanto até o ano que vem, 2008, não tem nenhuma dúvida que o estádio está preparado para uma eliminatória. Tenho convicção que a gente vai conseguir. Eu quero dar esse presente para o povo baiano, que tem uma torcida tão apaixonada pelo futebol, trazendo um jogo da Seleção Brasileira pelas eliminatórias aqui para a Fonte Nova".

  Segundo Bacelar, é o próprio governador quem afirma claramente que já reformou a Fonte Nova e que investiu R$3,5 milhões na obra. Ontem, após a divulgação das informações, a entrevista do governador foi retirada do site da Assessoria Geral de Comunicação (Agecom) do Governo do Estado da Bahia.

   "Esta situação precisa ser investigada também na vertente política. A Assembléia Legislativa não pode ficar inerte diante desse caos que se instalou no governo da Bahia em diversos setores. Até em áreas consideradas improváveis, como a de Esportes, vemos negligência e despreparo deste governo", enfatizou Bacelar.

   Aliado a isso, ainda existem as declarações do diretor de Operações da Sudesb, Nilo dos Santos Jr., que chegou a solicitar a interdição do Estádio Otávio Mangabeira no início do ano à Sudesb, logo após a posse de Bobô.
 
  "O próprio Ministério Público, através da procuradora Joseane Suzart, responsável pelo caso, disse que não há justificativas para que a interdição da Fonte Nova não tivesse sido feita. O superintendente da Sudesb tinha dever de conhecer os laudos apontando para o desgaste da área", ressaltou Bacelar.