Veja, na íntegra, discurso do capitão Tadeu
O líder do governo, deputado Waldenor Pereria (PT) tentou calar a voz do capitão Tadeu (PSB), mas, não conseguiu. Depois de discussões, o presidente da AL, Marcelo Nilo (PSDB), concedeu 10 minutos ao deputado socialista.
Veja, na íntegra o pronunciamento do capitão Tadeu:
Agradeço, Sr. Presidente, essa postura. Quero deixar claro aqui para todos os Srs. deputados que sempre apoiei o governo, continuo apoiando e tenho toda boa vontade com o governo. Agora, se foi tomada essa decisão e acho que poderia ter dito hoje: Olha, nós acertamos isso ontem. Eu acataria sem problema nenhum. Agora, eu não posso é estar presente aqui, no horário do PSB, e o líder informar que ninguém vai falar, sem antes me consultar.
Foi decidido ontem na reunião, eu não estava lá por problemas pessoais, mas poderiam muito bem, se o líder não tivesse tempo para isso, pedir ao assessor para me ligar ou agora, eu estando presente, me informar. Achei um desrespeito ao Partido Socialista Brasileiro tomarem uma decisão dessa, eu estando na Casa, sem ter me avisado. Se tivesse me avisado, como aliás V.Exª sempre fez aqui nesta Casa, e eu nunca criei dificuldade. Agora eu sempre critiquei aqui o antigo PFL por dizer amém a tudo nesta Casa e não posso agora, na condição de deputado do governo, vendo essas coisas acontecerem e ter o mesmo comportamento.
Deputado, eu não ia falar porque não tinha nada para falar aqui. Mas me senti obrigado a vim falar pela ameaça de V.Exª: Se não respeitar vai ser expulso. Quero dizer a V.Exª que não tenho nenhum medo e nenhuma preocupação de ser expulso da Bancada do Governo. Tenho dito aqui que só tenho que dar satisfação a minha consciência, a Deus, a minha família e aos meus eleitores.
Sou amigo do governador Jaques Wagner, tenho colaborado com ele o tempo todo nesta Casa, mas não tenho medo de ser expulso da Bancada, deputado. V.Exª pecou ao dizer: Se contrariar vai ser expulso. Pode expulsar. Não vai atingir em nada o meu mandato, porque o governador Jaques Wagner em nada está ajudando no meu mandato. Eu não preciso do governo para exercer o meu mandato aqui.
Tenho consciência do meu papel de deputado, da minha independência para poder estar aqui neste Plenário. Eu ajudo o governo é pela minha consciência. E mesmo sendo expulso da Bancada, como V.Exª me ameaçou, vou continuar ajudando o governo, porque quero ajudar a Bahia. Agora, vou ajudar o governo dentro da minha consciência, dentro do respeito e amor próprio que tenho a mim mesmo, porque eu fico triste em ver nesta Casa deputados que subiam aqui batendo na mesa, esculhambando todo mundo, falando mal do governo passado e hoje tem o discurso contrário a sua história.
Isso eu não vou fazer, eu tenho amor próprio, quero olhar para os meus filhos, para minha família e para os meus eleitores com dignidade, porque não mudei o meu discurso nem minha coerência. Estou me alongando, porque tinha que dar uma resposta a esta ameaça. Mesmo sendo expulso, deputado, vou continuar apoiando o governo, porque acredito que a gente pode mudar a Bahia.
A Bahia não mudou ainda, continua fazendo coisas erradas, que no passado nós condenávamos. Mas eu ainda tenho esperança de mudar. Eu vou continuar trabalhando com o governo para mudarmos aquilo que condenávamos, mas tem que ser na base do diálogo. Nunca eu, e o Presidente Marcelo Nilo sabe disso, todas as vezes que o presidente me chamou para conversar eu aceitei tudo. Nunca descordei de nada o que me chamaram para dialogar.
Agora, eu não vou ficar cumprindo ordens nessa Casa. Não vou cumprir ordens. Levei 17 anos na ativa da Polícia Militar cumprindo ordens e eu me rebelei contra o militarismo, porque eu não aceitava cumprir ordens absurdas. Fiquei sujeito ao regulamento disciplinar, fiquei sujeito ao Código Penal Militar, respondi que não aceitava determinados tratamentos de superiores no militarismo. Isso eu não aceitava, quando tinha um código penal a me ameaçar, eu vou aceitar agora que sou deputado, que tenho imunidade, respaldo popular para isso?
Senhores, eu tenho vergonha na cara. Fico envergonhado quando vejo deputados aqui terndo posturas contrárias às que tinham no passado. Me dá asco em ver isso. Fico envergonhado de ver deputados aqui que criticavam o carlismo e está fazendo a mesma coisa hoje. Lutei durante anos contra o carlismo. Fui perseguido, minha família também, meu irmão quase morre com a greve de fome para protestar contra o regime passado, autoritário, carrasco, corrupto e chegarmos agora e ver que muita coisa não mudou. Me entristece isso. A única coisa que posso fazer nesse Parlamento é mostrarmo é mostrar que tenho vergonha na cara e que continuo coerente com o meu discurso.
Sou amigo sim do Governador Jaques Wagner, colaboro com ele, continuarei colaborando, mas tenho que ter vergonha na cara para não permitir que traiamos o nosso passado. Esta Assembléia Legislativa tem que acordar. Nós deputados temos que acordar. Não podemos continuar com os mesmos processos que criticávamos no passado.
Falo isso com tristeza, mas eu ando depressivo nesta Casa por ver o que temos visto aqui nesta Casa.
Peço desculpas aos senhores, colegas, amigos, mas estou sentido. Não posso ver o Líder virá para mim e me ameaçar de expulsão se eu descumprir a ordem. Que ordem? Que ordem que um deputado é obrigado a cumprir de outro? somos colegas, companheiros. Líder a hora que V.Exª quiser me peça, ligue que eu atendo. Nunca neguei um pedido a um deputado aqui. Sou uma pessoa fácil de ser levada basta um gesto de amizade, de um pedido: colabore que eu faço, mas me trate com respeito. Eu estava presente aqui bastava dizer: Tadeu combinamos isso aqui. Tem algum problema para você? Eu diria: Não, não tem problema nenhum. Mas me tratar desse jeito?
Quero colaborar com a Liderança de V.Exª. Quero e estou colaborando com o Governador jaques Wagner. Queria até colaborar mais, ele é quem não quer a minha colaboração. O Governador Jaques Wagner é quem não quer mais que eu colabore, porque eu tenho como colaborar mais com ele. Fico triste por não poder colaborar mais com ele. Ele é quem não quer. Não estou atrás de cargos, de pedidos ao Governo, não. Não preciso disso para me eleger. Meu voto é voto de opinião, que espera de mim é essa decência nesta Casa.