O deputado federal João Bacelar (PR) falando em nome do Partido da República, manifestou sua indignação pela maneira como está sendo gerida a Secretaria Especial dos Portos, diretamente ligada à Presidência da República.
 
   Segundo Bacelar a Secretaria surgiu com o intuito de dinamizar o sistema portuário brasileiro," louvável providência de há muito reclamada por especialistas e empresários do setor", porém, a fórmula administrativa encontrada pelo Governo - desvinculação das demais modais de transporte - inviabiliza a consecução daqueles objetivos.

  Ainda de acordo com o deputado, "soma-se a isso agora, a inábil administração técnico-política que vem imprimindo ao órgão seu titular, o ministro Pedro Brito".
 
  Além dos citado propósitos, o desmembramento da Secretaria de Portos do Ministério dos Transportes serviria também para acomodar setores da base aliada do governo, cujos critérios de preenchimento de seus quadros obedeceria estritamente a critérios técnico-administrativos. 

   DIREÇÃO DA CODEBA

  "Qual não foi minha surpresa - confessa o deputado - quando, na semana passada, o ministro Pedro Brito não convidou nenhum parlamentar baiano, seja da situação, seja da oposição, para integrar a comitiva ministerial que visitava o Estado da Bahia naquela oportunidade. Ademais, o ministro aproveitou para dar posse a três novos diretores da Companhia Docas da Bahia - Codeba.

   "Essas nomeações, afora o fato de não contarem com a participação de representantes eleitos do povo da Bahia, não passariam de atos administrativos rotineiros não fossem por duas razões incomuns. Primeiramente, em procedimento ostensivamente contrário à qualquer manual de sobrevivência política e de formação de legítima maioria parlamentar, a indicação dos citados diretores não contou com a participação nem de aliados em nível federal nem de correligionários em nível estadual' - queixou-se.
 
   Em segundo lugar, denunciou o deputado conforme noticia a imprensa, um dos gestores empossados, Marcelo Gama Lobo, é proprietário de empreiteira que vem prestando serviços à Codeba, em frontal desrespeito ao que preconizam o Código de Ética do Serviço Público Federal e o Estatuto do Serviço Público Federal, que vedam o acúmulo de funções para aqueles agentes que, potencialmente, podem confundir os interesses públicos com os privados. 

   MÁ FÉ

   Segundo João Bacelar de nada adianta o beneficiária passar seu empreendimento para o nome de sua mulher. "Assim agindo, evidencia-se ainda mais a má-fé com que aquele senhor pretende iludir a opinião pública. Aquele empresa familiar continuará, na verdade, prestando os mesmos serviços que até o momento vêm prestando à Codeba, com a agravante de que um de seus proprietários disporá de informações e de instrumentos que privilegiem os interesses de sua empresa".
 
   À essa situação cabe perfeitamente aquele expressão popular: "É a raposa cuidando das galinhas. E eu acrescento: que critérios eminentemente técnicos são esses que delegam à alguém oriundo da iniciativa privada a administração de uma empresa prestadora de serviços públicos. No mínimo, por uma questão de probidade, cabe um esclarecimento público por parte do Ministro Pedro Brito".
 
   Com a indicação do mencionado empresário, o Ministro descumpre solenemente o que prometera cumprir em seu discurso de posse, ao retransmitir recomendação do próprio Presidente Lula de reestruturar e profissionalizar a administração dos portos brasileiros, buscando remover os obstáculos que estão impedindo a plena utilização dessa modalidade de transportes.

  Com atitudes como essas que acabo de relatar - ao que consta, sem o conhecimento do Presidente Lula -- é difícil crer que essa meta venha a ser conquistada.