Economia

CONTAS EXTERNAS REGISTRAM PIOR DESEMPENHO DA HISTÓRIA DO PAÍS

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| 28/07/2008 às 17:27
  As transações do país com o exterior nas áreas de comércio e serviços apresentaram o pior resultado da série histórica do Banco Central, iniciada em 1947, devido à queda no superávit da balança comercial e ao aumento das remessas de lucros e dividendos das multinacionais.


  Segundo dados do Balanço de Pagamentos, indicador que mede a vulnerabilidade externa do país, divulgados hoje pelo BC, as transações correntes registraram déficit de US$ 2,596 bilhões no mês passado. Para julho, a previsão é fechar o mês com déficit de US$ 2,8 bilhões.


  No acumulado do ano, o resultado é negativo de US$ 17,4 bilhões, o pior déficit da história em termos nominais. No mesmo período de 2007, o resultado era positivo em US$ 2,4 bilhões.


  O BC prevê terminar o ano em US$ 21 bilhões. Será o pior resultado desde 2001, caso a previsão se confirme.


  A conta de transações correntes é formada pelo superávit da balança comercial (superávit de US$ 11,35 bilhões no semestre), pelas transferências unilaterais (superávit de US$ 1,85 bilhão) e pelos serviços e rendas (déficit de US$ 30,6 bilhões).

A principal diferença em relação ao ano passado é o superávit menor da balança comercial, devido ao aumento das importações, e o aumento das remessas de lucros e dividendos das multinacionais, que somaram US$ 3,76 bilhões no mês passado e US$ 19,576 bilhões no ano.


  O movimento de remessas continua neste mês. Até o dia 28 de julho, já saíram mais US$ 2,06 bilhões do país.


  Dentro da contas de serviços e rendas destacam-se também os gastos dos brasileiros em viagens internacionais, que atingiram os valores recordes de US$ 1,05 bilhão em junho e US$ 5,5 bilhões no ano.


Remessas


O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, disse que o resultado desse ano não representa um aumento da vulnerabilidade externa do país. Isso porque o déficit neste ano nas transações correntes está sendo coberto pelo aumento dos investimentos estrangeiros no setor produtivo e no mercado financeiro.


Na conta financeira, o país registrou um superávit de US$ 40,8 bilhões, o que garantiu um resultado positivo de US$ 19,24 bilhões no balanço de pagamentos.


"A estrutura do balanço de pagamentos como um todo é bastante positiva e se mostra sustentável. O déficit em conta corrente é um valor ainda relativamente baixo, quando se compara esse resultado a economias equivalentes à economia brasileira", afirmou Lopes.

Ele afirmou também que o resultado negativo está ligado ao bom desempenho da economia brasileira, comparado ao mercado externo, o que aumenta as remessas de lucros das empresas estrangeiras.

"Esse déficit tem fundamentalmente a ver com remessas de lucros e dividendos e também com o comportamento do câmbio. São remessas fortes vinculadas a setores que não têm apresentado desempenho bom no exterior, como automotivo e financeiro, mas têm resultado bom no Brasil", disse.