O catolicismo predominou por mais de 200 anos e moldou a cultura local sobretudo no tempo dos meus avós (1880/1960)
Tasso Franco , da redação em Salvador |
03/12/2025 às 18:03
A igreja matriz de Sant'Anna tombada pelo IPAC, 2001
Foto: BJÁ
12. AS RELIGIÕES
Todas as cidades do sertão Nordeste da Bahia nasceram sob o manto de proteção dos santos e santas da igreja católica, as mais antigas como Serrinha e as mais jovens como Valente.
Essa herança da colonização portuguesa data de primórdios do governo geral, em 1549, Salvador, e a instalação da Diocese com o primeiro bispo indicado pelo rei e nomeado pelo papa, Dom Pedro (Pero) Fernandes Sardinha, 1551.
Os primeiros colonizadores que habitaram o território de Serrinha a partir do final do século XVII no rastro das boiadas, todos descendentes de portugueses, trouxeram consigo além das famílias e da coragem de vir habitar uma região tão inóspita, os santos e santas em suas bagagens, com imagens, desenhos em livretos, medalhas e moedas.
Quando Bernardo da Silva comprou o Sitio Serrinha dos Guedes de Brito, Casa da Ponte, e se mudou do Tambuatá para Serrinha, que era um ponto de passagens dos bois e dos tropeiros, aumentou o movimento de gente e de animais semanalmente pela localidade e sua esposa Josefa Maria do Sacramento, teria pedido ao marido construir uma capela ao lado da casa de morada em louvor a Senhor Sant’Anna.
E assim foi feito a partir de 1723, não se sabe a data exata em que a construção começou, porém, em 1750, quando Bernardo morreu, seu corpo foi sepultado em área da capela.
Onde está localizado esse túmulo de Bernardo na área da capela e depois igreja matriz de Sant’Anna?
Não se sabe exatamente o local. Porém, era prática sepultar o dono da capela em frente ao altar ou nesta ou noutras erguidas em fazendas.
O certo é que, em 1831, os filhos de Bernardo e Josefa doaram a capela e área circundante à igreja católica em documento cartorial lavrado no cartório de Água Fria.
Essa transição de capela (templo com apenas 1 altar) para igreja (templo com mínimo de 3 altares, o mor (ou principal) e dois laterais, aconteceu em 1838. No frontispício da igreja há essa data (1780) que, se supõe, a de inauguração da igreja, com louvor a Senhora Sat’Anna (altar principal) e dois altares secundários dedicados a São Joaquim (avó de Jesus) e Santo Antônio.
Essa é a história da sede. Mas, o território da Serrinha, já falamos sobre isso, era imenso, e os povoados e distritos invocaram outros santos. E isso dependia de cada família pioneira, nem sempre seguindo o mesmo santo ou santa.
No Raso, distrito maior, a santa que os locais escolheram foi Nossa Senhora da Conceição, quando emancipado se tornou padroeira de Araci; na Manga, atual Biritinga, São Sebastião; no Lamarão, o escolhido foi Santo Antônio, assim como nos distritos da Chapada, Barrocas e Pedra (Teofilândia).
A preferência por Santo Antônio provavelmente se deve ao fato de que é um santo português (1231), o mais popular de Portugal, e um dos mais populares da Bahia, onde, uma das cidades, a mais importante do Recôncavo se chama Santo Antônio de Jesus, e a atual Queimadas já foi Santo Antônio de Queimadas, e em Salvador, um dos bairros mais badalados da cidade se chama Santo Antônio Além do Carmo, assim como outro bairro, da Mouraria, nasceu como Santo Antônio da Mouraria, herança da chega dos mouros (árabes) em Salvador, quando foram expulsos de Lisboa, mas já estavam aculturados e católicos.
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Em tese todos os moradores de Serrinha da época do pioneirismo (1723) até a chegada do trem (1880) e nas duas últimas décadas do século XIX quando vão nascer meus avós, eram católicos. Não existia outra religião.
Meus avós, no entanto, não eram católicos de carteirinha. Isto é, no tempo que eram jovens e no decorrer das primeiras décadas do século XX.
Meu avô Jovino era natural do Irará, roceiro, e buscava a sobrevivência. É provável que ia a missa na matriz de Serrinha, pois, quando ficou viúvo da primeira esposa, em 1907/8, adotou uma imagem de São Pedro. Casou-se novamente em 1909, com Rosa de Lima Coutinho, essa de família católica ardorosa. Dessa união nasceu meu pai, em 1910, Bráulio Franco, e depois os 4 filhos de Braulio com Zilda, a partir de 1940.
Quando minha avó Rosa morreu, na década de 1950, meu avô deu a imagem de São Pedro a meus pais que passaram a minha irmã Laiz, a mais jovem dos irmãos, que é viúva. Imagem que está sob sua guarda.
A família do meu avô (Paes Cardoso) por parte materna descendente da 6ª geração de Bernardo da Silva era católica dedicada, mas, meu avô João, nem tanto. Seus parentes, sobretudo seu irmão Cornélio e a filhos, sim.
Minha avó Leonor era da Tiririca, da roça, e nunca vi ela rezando à moda católica. Daí que minha mãe (Zilda, nascida em 1917) era católica não praticante na igreja. Tinha seus santos, seu nicho, meu pai era amigo (politico) do padre (Demócrito), mas ela não frequentava a igreja. Só, eventualmente.
A cultura serrinhense – salvo raríssimas exceções de pessoas que praticavam intramuros o candomblé de caboclo nalgumas roças e/ou eram crentes – o que predominava era o catolicismo, o culto a Maria, mais do que a Jesus, e aos santos. O mês de Maria (maio) era muito mais cultuado do que cultos dedicados a Cristo.
Isso, aliás, também aconteceu na Igreja Católica Primitiva, graças a imperatriz bizantina (Império Romano do Oriente) Élia Pulquéria (339 a 456 d.C), a qual teve um papel fundamental na promoção e formalização da veneração a Maria na Igreja Primitiva, mas a devoção em si já existia desde o primeiro século do Cristianismo.
Pulquéria foi uma defensora fervorosa do título de Maria como Theotokos (Mãe de Deus), que significa "portadora de Deus", no Concílio de Éfeso em 431 d.C., que condenou a heresia de Nestório, que se recusava a usar esse título e propunha Christotokos (Mãe de Cristo). A vitória do título Theotokos consolidou a importância teológica de Maria na doutrina cristã e impulsionou sua veneração.
Pulquéria construiu inúmeras igrejas dedicadas a Nossa Senhora em Constantinopla (Bizâncio), o que ajudou a estabelecer centros físicos de devoção e culto mariano. Essa veneração chegou a Península Ibéria (Espanha e Portugal), mesmo durante o período da dominação árabe (700 a 1.200 d.C) e ao Brasil a partir de 1551, quando fundada a Diocese da Bahia, em 25 de fevereiro de 1551, chegando em Salvador o primeiro bispo, Dom Pedro Fernandes Sardinha, em 1552.
Sardinha brigou com o segundo governador geral do Brasil, Duarte da Costa, e foi devolvido a corte na nau Nossa Senhora da Ajuda que se chocou com arrecifes na foz do Rio Cururipe, Alagoas, chegou a praia a nado mais alguns sobreviventes (100 no total) e foram dizimados pelos Caetés. O bispo recebeu uma paulada na cabeça e devorado pelos índios que eram antropófagos.
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Mas, voltemos a Serrinha para não perder o fio da meada. Senhora Sant’Anna é a encarnação de Maria, do marianismo. Por que Josefa adotou Sant’Anna não se sabe, mas deve ter sido pela influência do culto a Maria.
O culto ao catolicismo em Serrinha se deu de baixo para cima. Isto é, a partir da comunidade, da família de Bernardo da Silva que ergueu a capela e permaneceu como tal durante ao menos 120 anos (app 1725 até 1838) quando, em 1º de junho e 1838, foi elevada à condição de igreja no momento em que Serrinha obteve a condição de Freguesia e o arcebispo da Bahia, dom Romualdo Antônio de Seixas firmou o documento.
Veja outro detalhe interessante: a igreja já existia desde 1780 e o primeiro capelão Antônio Manoel de Oliveira (bisneto de Bernardo da Silva) foi nomeado pelo arcebispo José de Santa Escolástica Álvares Pereira, em 1808.
Esse padre da igreja secular chegou em Serrinha montado num burro ou cavalo que era o único meio de transporte da época, e só partir desse momento (1808) é que são rezadas missas. Nos 80 anos anteriores, na capela, a família de Bernardo e demais serrinhenses (a capela era pública) faziam orações, rezavam trezenas e hinos, mas ninguém estava autorizado pela Arquidiocese para ministrar sacramentos nem rezar missas.
Foi Antônio Manoel de Oliveira que rezou missas durante 30 anos (1808-1838), ainda na capela, sendo substituído pelo padre Francisco Furtado de Mendonça, o qual, estreou a igreja, e permaneceu em Serrinha até 1868.
Foi nesse período (1831), que o filho de Bernardo, capitão Apolinário da Silva doou a posse da terra a Senhora Sant’Anna (ou seja, a igreja) onde estava situada a matriz.
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Veja, portanto, quanta história tem a igreja católica em Serrinha mesmo antes do nascimento dos meus avós que só vai acontecer a partir de 1880.
Depois do padre Francisco Furtado de Mendonça assumiu a igreja o padre Cupertino, que era serrinhense filho do capitão José Joaquim de Araújo (Zezinho), padre Juliano José de Miranda (1868) e padre Luís Batista da Silva Picado (1879), todos eles chegaram a Serrinha montados em burros com a roupa do corpo e mais uma ou duas mudas nas malas de couro.
Só a partir do padre João Porphirio (1894) é que se passou a usar o trem. Tudo muda, mas a igreja continuava na sua jornada catequésica à população vinculada ao poder do Estado (e da Intendência), triunfalista, tradicionalista, numa sociedade machista da cultura herdade de Portugal onde as mulheres não participavam da vida polícia, econômica e social, salvo acompanhada dos maridos, e só vão ter o direito ao voto a partir de 1932, no governo de Getúlio Vargas.
Diga-se, governo ditatorial que deu um golpe de estado com os tenentes, em 1930, e colocou na Bahia como governador da Província um capitão do Ceará, chamado Juracy Magalhães.
Meus avós enfrentaram essa realidade com a paróquia orientada pelo padre Marcolino Madureira e padre Evaristo, este mais liberal, quando casaram na matriz.
O cisma se deu com a nomeação de um padre serrinhense, linha dura, Carlos Olímpio Silvio Ribeiro (padre Carlos), nascido no Marracassumé, em 1912.
Durante os festejos da padroeira Senhora Sant’Anna, em junho de 1917, no dia reservado a família Nogueira (era costume da época, cada noite dedicada a uma família, a qual ornamentava a igreja). O sineiro por determinação do padre não badalou os bronzes como devia para convocação da missa e o coletor José de Lima Coutinho (parente da minha avó Roza), que era genro de Michjelina Ribeiro Nogueira, mãe do intendente, foi tirar satisfações ao padre no momento da missa e houve uma discussão dentro do templo.
A briga era política. O padre era adversário do intendente e sequer esperou a apresentação da Filarmônica 15 de Novembro para abrilhantar à noite religiosa.
No dia 7 de dezembro de 1917, Coutinho foi a igreja com a esposa Maricas para batizar a filha Isabel e o padre Carlos disse que, ele sendo “inimigo de Deus”, não faria o batismo.
Uma semana depois, no Jornal de Serrinha, 12 de dezembro de 1917, veiculo que pertencia a Reginaldo Ribeiro, irmão de Michelina, Coutinho escreveu um artigo intitulado “O Corypheu de Serrinha” e classificou o padre de “hipócrita e cérebro desmiolado”. O assunto chegou ao arcebispo que manteve apoio ao padre.
Coutinho então rompeu com a igreja e fundou a 1ª Igreja Batista de Serrinha, em 21 de novembro de 1923.
Foi um fato extremamente relevante com uma repercussão imensa na sociedade, pois, pela primeira vez, abria-se um culto diferenciado do catolicismo, uma igreja sem santos, com nova cultura onde o pastor poderia se casar (a igreja católica defendia o celibato como causa pétrea, embora padres tivessem filhos por debaixo do pano ou das saias), o culto aos evangelhos através da bíblia, sem sacramentos, sem o espírito santo, enfim, surgia na cidade uma nova cultura religiosa.
Em princípio, não abalou o domínio e a hegemonia da igreja católica, porém, o que se verificou ao longo dos anos, sobretudo a partir da década de 1990 (que extrapola a época em que estamos focando) as igrejas evangélicas prosperaram e abocanharam fiéis que eram do catolicismo.
Na época de Sêo Coutinho os evangélicos eram chamados de protestantes e/ou crentes e frequentavam o templo usando ternos e as mulheres de vestidos longos, o que representava um diferencial para os católicos, e portavam bíblias no tempo e no andar pelas ruas. Tudo isso gerou um impacto enorme na sociedade local.
Meus avós não aderiram ao culto protestante, mas, minha avó Roza, nunca mais pisou na igreja do padre Carlos, os Coutinhos migraram em massa para a 1ª Igreja Batista, e os Nogueira se mantiveram católicas, sobretudo Lourdes Nogueira, neta de Michelina, mas os outros ficaram menos católicos.
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Na década de 1940 aconteceu um novo movimento com a visibilidade ao espiritismo que já vinha sendo praticado em residências desde 1935, por Duda Pedreiro.
Em 1940, um grupo de espíritas Leobino Cardoso Ribeiro, Isaac Araújo, Lourival Silva Lima e João Menezes lançam “O Reformador” publicação impressa que era distribuída de porta em porta.
O padre Carlos não gostou e em conluio com André Falcão (intendente) mandou prender Lourival, o qual recebia o espirito “Estrela” e era o cabeça.
Euvaldo Campos que era o delegado calça-curta (sem diploma de bacharel em direito) deu ordem de prisão a Lourival e levou-o a André. Nesse momento, Lourival incorporou o espírito “Estrela” que começou a dialogar sobre medicina com André, que era médico. O intendente ficou de queixo-caído e mandou liberar Lourival.
Em 3 de outubro de 1946 nasceu o Centro Espírita Deus Cristo e Caridade, na casa de Lourival, sendo eleito presidente Antônio Projeto e meu pai Bráulio Franco, 1º secretário.
A doutrina espírita foi criada pelo francês Allan Kardeck, em 1857, com a publicação do “Livro dos Espíritos” e logo depois a “Revista Espírita”.
Quando começou a ser praticada em Serrinha na década de 1930 tinha apenas 75 anos de existência e se espalhou pelo Brasil de forma surpreendente.
Em 1865, foi fundada em Salvador a primeira sede do movimento, o "Grupo Familiar do Espiritismo", por Luís Olímpio Teles de Menezes, impulsionada por intelectuais e, posteriormente, pela popularização através de figuras como Chico Xavier, tornando o Brasil o país com o maior número de adeptos do espiritismo no mundo.
Da minha família embarcaram nessa onda minha avó Leonor, os filhos Álvaro e Dalva, e meu pai. Todos assinaram a ata de fundação do Centro Espírita Deus Cristo e Caridade.
Posteriormente, na década de 1950, meu avô Jovino passou a ler a “Revista Espírita”. E no final da década de 1950, um grupo de jovens do qual fazia parte meu irmão Braulio (médium) se integrou ao espiritismo. Aristóteles Peixinho, no entanto, foi o grande impulsionador do espiritismo na cidade.
O importante a destacar no plano da cultura é que com o avanço dos evangélicos e a implantação do Centro Espírita, Serrinha abriu dois leques opcionais de religião diferenciados do catolicismo.
A base da Doutrina Espírita está nos livros da Codificação de Allan Kardec e se fundamenta em 5 princípios: a existência de Deus, a imortalidade da alma, a reencarnação, a comunicabilidade dos espíritos e a pluralidade dos mundos habitados.
O Espiritismo também tem como princípios a crença na evolução moral e intelectual e a prática da caridade.
Veja, portanto, a diferença de Deus dos católicos, sempre cercado de santos e ritos com pão e vinho; a imortalidade alma (isto é, o espírita não morre: desencarna e reencarna), a comunicabilidade através dos médiuns.
A postura filosófica do espiritismo não se baseia no evangeliário (como os crentes e os católicos), não se usa bíblias (velho e novo testamentos) e são mais gregários.
Em Serrinha, salvo engano, mesmo antes da igreja católica, foram os espíritas que implantaram o primeiro lar de ajuda aos velhos pobres e desamparados (a Mansão Marco Antônio).
No tempo dos meus avós, é bom que se diga, a igreja católica não investiu em Serrinha como deveria ter feito, não implantou um colégio (salvo a irmã do padre Demócrito que criou uma escola de datilografia, que ajudava na sua sobrevivência financeira), nem uma obra social. Isso só vem acontecer com o bispo Assolari já no século XXI e meus avós já tinham falecido há mais de 50 anos.
Em 2022, passando uma temporada em Paris, visitei o túmulo de Allan Kardec no cemitério Père Lacheise e por lá encontrei alguns brasileiros.
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Uma outra cultura religiosa que existiu no tempo dos meus avós (1880-1960) foi o candomblé de caboclo, uma variante do candomblé africano e seus descendentes praticados em Salvador, desde o século XIX e no Recôncavo território que recebeu a maior quantidade de escravos na produção do açúcar.
Foram os negros fugidios do Recôncavo que subiram para os sertões na direção de Jacobina, Serrinha e outros territórios mesmo antes da abolição da escravatura (1888) e com mais intensidade a partir de 1890/1900 e se tornaram vaqueiros, ferreiros, pedreiros, carpinteiros, etc, as artes da sobrevivência, e praticavam cânticos e culto de um candomblé misturado com caboclos misturado com a cultura indígena e personagens como ao Pena Branca, Tupinambá, Jurema, Sete Flechas, etc.
Em Serrinha, na área onde se encontra a Estação Rodoviária e também no local de clínicas da hemodiálise e outras existiram os candomblés dos Carvalhos, dos ascendentes de Mané Perna Tora e de Félix Oncinha. Mas, claro, eram restritos a essas comunidades fechadas.
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A cultura, o que prevaleceu mesmo foi a católica e a igreja juntamente com o poder público criou um calendário de eventos que moldou a sociedade serrinhense começando pelo Natal (a representação do nascimento de Cristo), o Carnaval (a festa da carne depois da quaresma), a semana santa com a procissão do senhor morte e a Procissão do Fogaréu (implantada pelo padre Carlos, em 1930), a subida ao Morro Guarani (como se fosse Gólgota), o mês de Maria (maio), os festejos juninos (Santo Antônio, São João e São Pedro), os festejos para Senhora Sant’Anna (julho).
Todo esse calendário quase anual de eventos deixava a igreja sempre mobilizada e a sociedade da mesma forma: havia quermesses, desfiles das filarmônicas, concertos no correto, procissões, leilões, missas, rezas, mas algo pouco produtivo do ponto de vista da ajuda em programas sociais. Cuidou-se mais do espírito do que da matéria.
No tempo dos meus avós os padres eram politizados e apaixonados por seus grupos políticos – Carlos (vinculado ao PSD de André); Demócrito a UDN de Carlos Mota e assim a nave celestial foi sendo conduzida.
A igreja só veio mudar de postura (em parte) a partir de João XXIII e nas décadas de 1950/1970 com a Teologia da Libertação surgiu na América Latina na década de 1960, como uma reação à pobreza e injustiça social, ganhando força com a publicação de livros, e uma abertura maior.
No tempo dos meus avós a igreja era fechada, tradicional, na semana santa vestia-se preto, os bares não abriam, o comércio era fechado na sexta-feira santa, as mulheres só entravam na igreja para as missas portando véus nas cabeças, a missa era rezada (em parte) no latim e era raríssimo ver o padre sem batina.
Houve um esforço enorme do padre Demócrito Mendes de Barros, nas décadas entre 1945/1965 para erguer a igreja nova, hoje, catedral basílica, uma das bases para que Serrinha alcançasse a condição de Diocese, o que só veio acontecer no início do século XXI.
Próximo capítulo: as atividades esportivas.