Portanto, o leitor pode se preparar para ler sobre os mais diversos assuntos: há lembranças do tempo em que era criança, como na crônica “Minhas Infâncias” - que mistura ficção e realidade - ou memórias relacionadas a espetáculos teatrais, como faz em “Um Domingo de Tarde em Casablanca”, em que lembra do impacto que teve ao assistir a uma montagem da companhia Katherine Dunham Company, ainda aos 13 anos de idade.
No livro, Dimitri fala também de pessoas que encontrou, como a fadista Amália Rodrigues, o pianista russo Igor Stravinsky, o presidente Juscelino Kubitschek, as sultanas otomanas e o maestro Yehudi Menuhin.
E, embora não tenha o português como língua materna, Dimitri impressiona pela fluência do texto e pela leveza como escreve. “Sempre li muito em várias línguas, inclusive em português, autores como Eça de Queiroz e Machado de Assis, gosto muito deles. E curto o desafio de escrever em uma língua que não domino completamente. Português é uma língua belíssima! Às vezes, descubro uma palavra e digo: tenho que usar isso”, ri o autor.
QUEM É DIMITRI GANZELEVITCH
Nascido em Rabat, no Marrocos, Dimitri passou por França, Inglaterra, Espanha e até ir para Portugal. Quando aconteceu a Revolução dos Cravos, em 1974, ele resolveu mudar-se para Salvador, onde já havia estado por algumas vezes e convivido com artistas como Jorge Amado e Carybé. Em Salvador, começou a atuar como galerista, investindo em artistas iniciantes na época, como Bel Borba, Vauluizo Bezerra e Reinaldo Eckenberger.
Nas décadas seguintes, firmou-se como galerista e também foi um agitador cultural, usando o Solar Santo Antônio para muitos encontros entre artistas e intelectuais. A casa foi frequentada por gente como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Regina Casé e o imóvel tinha até um palco no jardim, onde promovia espetáculos e saraus. Até como ator já se arriscou, em filmes dos diretores Bernard Attal e Claudio Marques, além de ter feito teatro de rua com Ray Alves.