Walmir Rosário é jornalista, radialista e advogado
Walmir Rosário , Itabuna |
14/05/2025 às 17:53
Alberto da Ceplac, primeiro da fila, 73 anos
Foto: DIV
A vida do ser humano não se resume numa série de planos. Desde cedo os amigos e parentes começam a perguntar o que você quer ser quando chegar à fase adulta. Questionamentos fáceis, respostas difíceis, embora na maioria das vezes os pimpolhos respondam sem pestanejar: aviador, médico, motorista, engenheiro e, pasmem, até políticos.
Ainda nesta fase, não há qualquer planejamento, no sentido científico, quem sabe muitos sonhos – pensamentos – que passam pela cabeça da criança ou adolescente, geralmente o que busca se
espelhar em parentes ou quaisquer outras pessoas com as quais se identifique. Quem sabe lá na frente mude de ideia ou abrace outras oportunidades. O que é natural.
Há quem defina como uma pessoa vocacionada, determinada pelos sonhos de criança a que abraçou a carreira com afinco. Tenho um amigo que é tal e qual o pensamento que ora descrevo. Estudou, se
diplomou em engenharia agronômica em 1980 pela UFBa, trabalhou por longos 45 anos e sequer pensou em algum momento encerrar a carreira.
Mas chega o momento em que chega a hora de desfrutar de mais descanso no seio da família, com fazem muitas dessas pessoas. Aqui cito um caso particular do meu amigo e ex-colega de trabalho, José Alberto de Lima, também conhecido como Alberto da Ceplac, jequieense que dedicou dois terços de sua vida à agronomia e ao Ministério da Agricultura.
E o exemplo da dedicada vida profissional transferiu para a família, da qual sempre se orgulhou, enaltecendo o convívio com a esposa, seus quatro filhos, todos bem-criados e que lhe deram sete netos.
Sim, no alto dos seus 73 anos era chegada a hora de dar um tempo nas constantes viagens a trabalho, e privilegiar a família e os amigos mais chegados.
E Alberto colecionava amigos aos montes por onde passou. Assim que ingressou na Ceplac, lá pelos anos 1980, foi designado extensionista em Itapetinga, transferido dois anos depois para a cidade de Ibicuí,
onde permaneceu por 14 anos. Em 1966, assume uma nova missão, desta vez como Auditor Fiscal do Ministério da Agricultura, em Salvador, até 1997.
Em 1998 foi Alberto é transferido para Itabuna, embora prestasse seus serviços por várias cidades, a exemplo de Juazeiro e Petrolina, principalmente na inspeção de frutas para a exportação. E nesses 45
anos soube colecionar os amigos por onde passou, desde os colegas de trabalho, clientes do Mapa e os muitos vizinhos das cidades que residiu.
Sempre foi a alegria em pessoa, distinto no trato dos colegas e desconhecidos, pronto a servir a quem dele precisasse, desde a uma simples orientação ou outro préstimo qualquer. A índole de Alberto combinava perfeitamente com a do extensionista, disposto a solucionar desafios junto aos agricultores, expondo os problemas e orientando resolvê-los.
Assim que Alberto chegava ao Clube Seac (Sociedade dos Engenheiros Agrônomos do Cacau), em Itabuna, ao refeitório da Ceplac, ou qualquer bar era rodeado de colegas e amigos para um alegre bate-papo. E Alberto era – e é – sinônimo de bom humor, apropriado para contar uma boa história, levantar o astral de um amigo, as vitórias no dia a dia do seu trabalho.
Não posso deixar de citar aqui uma pequena indiscrição (no bom sentido). Sempre que convidado a participar de um encontro ou às comemorações de seu aniversário, eu observava atentamente. O
anfitrião se preocupava com os mínimos detalhes sobre as preferências de cada um dos convidados, inclusive se preocupando em oferecer os comes e bebes de acordo com gostos e paladares.
Finalmente, a partir desse maio em curso, José Alberto (Alberto da Ceplac) entra em gozo definitivo dos benefícios de sua aposentadoria funcional, aos 73 anos bem vividos. Entretanto, ele continua em plena
atividade no convívio da família, dos amigos, e torcendo pelo Bahia e Botafogo, times pelos quais divide sua paixão no futebol. Vida longa a Alberto!